17 de maio de 2013
Em Juízo, jornalista Emiliano José reafirma denúncias de tortura contra pastor Átila Brandão
A Audiência de Conciliação 1º Juizado Especial Criminal,
realizada hoje (17) entre o jornalista Emiliano José e o pastor Átila Brandão,
acusado de torturar o preso político Renato Afonso, em 1971, nas dependências
do Quartel dos Dendezeiros, deu em nada. O pastor Átila Brandão, que compareceu
protegido por seis seguranças visivelmente armados e dois advogados, pediu
retratação em tom agressivo. O jornalista Emiliano José reafirmou a veracidade
de sua reportagem, fundamentada em documentos e depoimentos. O advogado
Jerônimo Mesquita fez constar em ata as expressões “pau mandado” e “boneco de
ventrílogo” dirigidas pelo pastor evangélico ao jornalista.
A Audiência Pública de Conciliação, dirigida pelo bacharel
Rodrigo Pinto Santos Pereira, iniciou em clima tenso e transcorreu na paz. O
Conciliador começou avisando que se ocorressem manifestações do público, ele
poderia esvaziar o recinto. O querelante, Pastor Átila Brandão, falou primeiro.
Exigiu uma retratação incondicional por “mentiras e calúnias” publicadas no
jornal A Tarde. Jactou-se que por liminar vai exercer seu direito de resposta
no jornal A tarde. Tentou explorar o fato do jornalista, que há 40 anos reside
e trabalha em Salvador, ter vindo de fora explorando a cordialidade dos baianos.
Disse que Emiliano se escondia atrás do jornalismo, mas admitiu que participou
da repressão na ditadura “obedecendo ordens”. Ele negou a pecha de torturador.
O jornalista Emiliano José argumentou que torturadores são
covardes. Lembrou que foi preso na Bahia, torturado pelos oficiais do Exército
Gildo Ribeiro e Hemetério Chaves, condenado a quatro anos de prisão e não se
sentia intimidado pelo pastor Átila Brandão. Ele disse que está empenhado em
revelar quem, na ditadura, matou, torturou seqüestrou pessoas e só havia uma
possibilidade de retratação, com a retirada incondicional da queixa-crime “um
atentado à liberdade de imprensa e expressão” segundo os protestos do Sinjorba,
ABI, APUB, Faculdade de Comunicação (Facom) deputados estaduais Luiza Maia,
Marcelino Galo, Rosemberg Pinto e Geraldo Simões, na Câmara Federal.
À Audiência de Conciliação, além de amigos e militantes, compareceram
o ex-governador Waldir Pires, o deputado Marcelino Galo, presidente da Comissão
da Verdade da Assembléia Legislativa, Joviniano Neto e Diva Santana pelo Grupo
Tortura Nunca Mais, Marjorie Moura, presidente do Sindicato dos Jornalistas da
Bahia. Estudantes com camisas do Levante Popular pregaram cartazes nas
vizinhanças: Átila Brandão torturador. A titular do Juizado Criminal Especial
Regina Maria Couto Cerqueira deverá em seguida marcar nova audiência.