24 de março de 2013

 

Quando ministro da Saúde, Serra negou ajuda à luta dos hansenianos


O PSDB quase me enganou. Eu cheguei a pensar que o Serra tinha sido um bom ministro da Saúde (1998-2002), nos tempos de FHC presidente. Que nada. Encontrei outro dia um número antigo, de 2004, da revista Diálogo Médico e li uma entrevista do cantor Ney Matogrosso.  Pouca gente se lembra que ele fez campanha publicitária em favor dos hansenianos e ex-hansenianos, no popular, leprosos. José Serra recebeu o cantor, e negou-se a ajudar. “Sai muito caro, não temos interesse”, disse na cara do artista. Só quando Lula ganhou a eleição (ele tinha se comprometido pessoalmente) é que os hansenianos foram cuidados, as colônias desativadas, os internos indenizados.
Leia a entrevista:
- Foi o Ministério da Saúde que o procurou para a campanha da hanseníase? Perguntou a entrevistadora.  Ney Matogrosso respondeu: Não, a história começou com o Ney Latorraca que disse, numa entrevista, que quando morresse iria deixar sua herança para os leprosos e os aidéticos. Existe no Rio de Janeiro um movimento formado por hansenianos e ex-hansenianos. E o presidente deste movimento pediu para a secretária localizar o Ney Latorraca. Só que deram o meu telefone.
- Confundiram vocês? Ney Matogrosso respondeu: Sempre nos confundem. Na rua me chamam de Ney Latorraca e ele de Ney Matogrosso. E eu respondo como se fosse ele, porque isso não é um problema. O fato é que o Arthur, o presidente, me telefonou e disse: “Ah, eu li sua entrevista. Você não queria fazer um trabalho com a gente?” E eu disse: “Que entrevista, que lepra?. Eu não sei do que você está falando. Eu, como 99% da população, achava que não existia mais. Quando ele começou a falar, fiquei indignado.

- Então você se ofereceu? Ney respondeu: Existe remédio gratuito disponível em todos os postos de saúde do país. Pelo menos em tese. Portanto, se uma pessoa chegar lá e não encontrar, pode e tem que reclamar. Aí eu me coloquei à disposição para levar essas informações para os meios de comunicação. Comecei a viajar pelo Brasil e vi que a situação é muito grave, muito feia. Já fui a várias colônias. É um absurdo ver as condições em que vivem as pessoas nesses lugares. É uma vergonha ver a atuação do governo nesse assunto. Agora temos a carta de Lula comprometendo-se formalmente com a causa. Ele conheceu o fundador do movimento, que era um hanseniano.
- Antes o governo tinha se comprometido? Ney Matogrosso respondeu: Faltava completamente humanidade ao Serra, ministro da Saúde, e à equipe dele. Eu fui falar com o responsável pelo dinheiro. E o sujeito, na minha cara, disse” Isso é muito caro e não temos interesse”

- Você falou com o Serra diretamente? “Falei com o Serra pessoalmente por três vezes. Mas não adiantou. ELE NEM SEQUER ME OLHAVA NOS OLHOS.

NB – Esta entrevista foi na revista Diálogo Médico, de dezembro de 2004. Diferentemente do ministro da Saúde José Serra, o governo Lula encarou o problema. As colônias foram fechadas. Os hansenianos internados compulsoriamente foram indenizados. Remédios contra a lepra passaram a ser distribuídos nos postos de saúde. A campanha publicitária de Ney Matogrosso funcionou. O Movimento dos Hansenianos (Morhan) funciona até hoje. E mais um mito se desfez. José Serra foi um péssimo ministro da Saúde.  Já pensou se tivesse sido eleito presidente?

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