25 de abril de 2012

 

O que dirá o torturador Ustra a seus filhos e netos?

Eu lutei contra a ditadura, fiquei três anos na clandestinidade, em plena mata pré-amazônica do Vale do Pindaré Mirim, no Maranhão, sofri malária, depois fui preso duas vezes, uma delas na Penitenciária de Linhares, perto de Juiz de Fora, a outra em Salvador, fui torturado, sim, levei choques no pau-de-arara. Quando estudante, joguei pedra na polícia. Clandestino, resisti à ditadura militar. Depois, participei das lutas pela democracia, pelas eleições diretas já, pela Constituição de 1988, pela formação de partidos democráticos e dos trabalhadores. Lutei pela liberdade.

Eu posso dizer isso a minha filha e ao meu neto.

Mas, o que poderá dizer o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra aos seus filhos e netos?

Seqüestrei comunistas, torturei, matei, dilacerei corpos, desapareci com os cadáveres? A democracia não presta por que dá liberdade para atividade dos subversivos comunistas? O mundo é vermelho? Eu sou cínico ao dizer que Aluízio Palhano, que torturei e matei pode estar vivo?

O que poderá dizer o coronel Sebastião Curió aos seus filhos e netos? Lutei contra a Guerrilha do Araguaia? Cortei cabeças de guerrilheiros mortos? Enterrei os corpos na Serra das Andorinhas? Voltei lá para apagar vestígios? Aproveitei-me da situação e me tornei o chefão do Garimpo? Me elegi deputado para me livrar das ações judiciais?

Essa história de Direito à Memória e à Verdade é muito pouco. Essa gente tem que ser processada e presa. Assim como os assassinos nazistas dos judeus na Segunda Grande Guerra Mundial. Crimes contra a humanidade não são anistiáveis.

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