25 de fevereiro de 2012

 

Deputado Emiliano José (PT) defende governador Wagner na Câmara Federal

Certos discursos não envelhecem. É o caso do discurso pronunciado pelo deputado federal Emiliano José (PT-BA) em Brasília. Não vi nada parecido sobre a refrega dos PMs que se amotinaram na Bahia. A condução política do governador Jaques Wagner chegou perto da perfeição diante do cenário conturbado. Ele provou que é possível enfrentar crises sem o recurso da violência. E o deputado Emiliano José soube como ninguém perceber o acerto da condução política da crise policial-militar da Bahia.

Então achei importante registrar a íntegra do discurso. Que se segue:

"Não houve Pinheirinho na Bahia"
Sessão: 013.2.54.O Data: 15/02/2012

O SR. EMILIANO JOSÉ (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Senhor presidente, senhoras e senhores deputados.
É carnaval, Bahia. Os baianos brincarão em paz. Sem violência. Como sempre o fizeram. Houve quem torcesse para que não houvesse carnaval. Houve quem quisesse derrotar a alegria. E não só os poucos grevistas, as poucas lideranças de policiais militares que extrapolaram os limites da legalidade.

Havia, também, quem, no campo da política, quisesse que não houvesse carnaval. E que insistia que a greve devia se estender, que não houvesse solução rápida. E esperavam, e torciam por imprevistos violentos, para além do inevitável crescimento da violência decorrente da própria paralisação da PM baiana.
À boca pequena, que ninguém seria louco de declarar isso, esperava-se que a greve da PM pudesse ser a Pinheirinho do PT. Eram esses os comentários que se ouviam aqui e ali, especialmente nos arraiais da oposição, especialmente a oposição localizada no DEM.

A Pinheirinho do PT, na avaliação dos catastrofistas do DEM, viria como decorrência da invasão do prédio da Assembleia, de uma eventual reação armada dos ocupantes, de algum revide dos soldados e agentes das forças federais. Não sabiam certamente a diferença de uma e outra orientação.
Há pouco cheguei a escrever um artigo sobre os usos e costumes do PSDB quanto a movimentos populares e a tudo que se refira ao povo. Citei os episódios da USP, da Cracolândia e de Pinheirinho para demonstrar como o PSDB age. Ao menos em São Paulo, bastião do partido no País.

Esperavam, os oposicionistas de nosso governo federal e do governo Wagner, que como havia uma ordem judicial haveria a invasão armada, com suas consequências.
Não houve. Tudo foi resolvido corretamente, sem violência. Separou-se o joio do trigo. Reconheceu-se o direito de reivindicar. E se condenou a extrapolação dos limites da legalidade.

Democracia. Exigência do respeito à autoridade que detém mandato conferido pelo povo. Essa foi a política desenhada pelo governador Wagner, do começo ao fim.
Não arredou pé dela. Não se desesperou, não buscou o atalho da truculência.
Lembro sempre que a movimentação dos militares da PM em 1981 foi resolvida à bala, com mortes, pelo governador de então, que certamente o DEM lembra quem era. Nós, como já disse em outro discurso, não adotamos e não adotaremos essa política.

O governador soube enfrentar o que era extrapolação da legalidade, o que era proposta de violência contra a população, soube não transigir com isso, e os que propunham e praticavam isso responderão na Justiça pelos abusos e crimes que tenham cometido, se cometeram. E soube reconhecer as reivindicações dos policiais militares ao se dispor a pagar as GAP IV e V até 2015.
Seguiu o roteiro da democracia. Insisto: não se afastou desse roteiro. Não houve Pinheirinho na Bahia. Não houve derrota da democracia. Não houve o triunfo da ilegalidade. Valorizou-se a Polícia Militar.

Triunfou a ideia de que os conflitos, quaisquer que sejam, podem ser resolvidos pelo diálogo. E que nem uma ordem judicial justifica a violência pura e simples. A autoridade de um governante afirma-se assim. Firmeza, serenidade. Não transigir com princípios. Sustentar o debate. Em todos os casos, envolver a sociedade e seus direitos.
Neste caso tratava-se do sagrado direito de todos à segurança. São lições tiradas desse episódio. São lições dadas ao Brasil. É possível enfrentar crises sem o recurso da violência. Garantir a autoridade, sem cair na tentação de resolver as coisas à base de manda quem pode, obedece quem tem juízo, como acontecia dantes da Bahia.

Os tempos são outros. O governador Wagner deu lições de democracia.
Me fez lembrar de Guevara, endurecer sem perder a ternura.
Muito obrigado.

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