30 de janeiro de 2012

 

Um pranto dolorido, um romance chamado K.

Um dia, em plena ditadura militar, a aluna de Química da USP, Ana Rosa Kucinski, e seu companheiro, Wilson Silva, desapareceram. Nunca seus corpos foram encontrados. Agora, o jornalista e escritor Bernardo Kucinski publica um romance intitulado K., numa alusão direta a Kafka. Sobre o livro o deputado federal, escritor e jornalista Emiliano José escreveu:

“Uma elegia. Um canto profundo de dor. K. tem um quê de kafkiano, e Kafka chega a aparecer rapidamente no decorrer do texto. O autor, Bernardo Kucinski, jornalista, professor aposentado da USP, diz na abertura que tudo no livro é invenção, mas quase tudo aconteceu. Diria que tudo é realidade, e que a ficção serviu como uma luva para torná-la mais próxima dos leitores. Explicável, pelo talento do autor, que em nenhum momento, haja escorregões panfletários, se é que se pode acusar alguém de panfletário numa situação de tanto terror, como foram os anos da ditadura que alimentou tantos criminosos. Ela mesma, um crime.
O protagonista é um pai desesperado, que vaga atormentado por todos os cantos que possa, atrás do paradeiro da filha desaparecida. K. é o seu nome. Simplesmente K. O desaparecimento causa nele uma revisitação de todo seu passado de judeu polonês, militante de esquerda, fugido do nazismo, que experimentara a repressão em terras européias e que no Brasil reconstruíra a vida passando de mascate a comerciante estabelecido, e aqui, mais do que lá, cultor das letras, especialmente em iídiche, língua falada pelos judeus da Europa Oriental. A morte da filha enche-o de dor e de culpa – culpa pelo que não fez, pela convivência que acredita não ter tido enquanto ela era viva. É um belo romance, com o protagonista dando unidade a textos aparentemente desconexos.”


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