19 de novembro de 2011

 

Militantes 3.0 querem nova forma de fazer política


A revista “Eu & Fim de Semana”, do jornal Valor que circulou sexta-feira (18), trás como reportagem de capa “Ativismo 3.0 – Militantes buscam nova forma de fazer política”. É muito pertinente e foca nos movimentos que ocupam as redes da Internet e tentam levar os protestos às ruas. Evidentemente, trata-se de um novo tipo de ativismo político, uma busca pela participação ativa, diante do fracasso das instituições políticas que temos. Há uma miríade de manifestantes, gente que nunca se envolveu com nada começa a perceber que algo está muito errado. A mídia dá a maior cobertura, mas, ainda assim reclamam da mídia.

Tem de tudo. Gente que luta pela reciclagem, pelo hip-hop, pelos moradores de rua, há os que participaram das lutas anti-globalização, da fóruns sociais. Condenam o mundo político, a corrupção e têm um ponto em comum nessa barafunda. Não têm proposta de poder e até questionam se é necessário tomar o poder. Muitos estão em busca de alternativas, outros nem se preocupam com isso. Têm também outro ponto em comum: desconfiam profundamente dos partidos políticos, mesmo os que se apresentam como “radicais”.

Há quem veja a oportunidade do surgimento de uma nova democracia, talvez uma democracia direta, que sempre foi muito discutida na história do pensamento político. Desconfiam da democracia representativa tal como hoje se apresenta. Esse debate sobre se é preciso ou não tomar o poder ocorreu em 1848, em 1905 e em 1968 e mais recentemente nos fóruns sociais mundiais, do altermundismo. Minha geração debateu Marx, Bakunin, Trótski, Rosa Luxemburgo e Gramsci. O debate é antigo.

Sinto que o campo político está aniquilado. Mas, não consigo ter energia suficiente para a militância 3.0 e não vejo no horizonte próximo a proposta de uma democracia avançada, além da democracia representativa parlamentar. É uma merda. O poder econômico se sobrepõe ao poder político, no Estado-nação o poder político se sobrepunha ao poder econômico. As instituições terceirizam, privatizam suas funções, desmoralizam-se, e essa juventude inquieta rejeita o Estado.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que os pesquisadores da cibercultura criticam por causa de suas posições sobre a natureza da Internet – comunidade humana versus rede da Internet – reforça a crítica à democracia hodierna, vista por ele como uma democracia em decadência. Ele fala do divórcio entre Poder e Política, a “época de ouro” da democracia ficou para traz, nos anos 30 pós-guerra, quando ocorreu um florescimento da democracia ideal. Agora, cada vem menos pessoas estão convencidas de que a democracia seja uma coisa boa. Isto porque o Estado, dominado pelo capitalismo financeiro, oferece cada vez menos bem-estar aos cidadãos. Os estados subcontratam suas funções, com raríssimas exceções.

Então é preciso inventar um equivalente global das invenções de nossos antepassados, que inventaram a democracia representativa em âmbito nacional, como parlamentos, jurisdição, códigos de direito unificados, a democracia moderna. A história mostra várias formas de democracias ao longo do tempo.

Acham que estou pirando na batatinha?


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