9 de setembro de 2011

 

Se você não sabe aonde ir, pouco importa o caminho

Outro dia, como Assessor de Comunicação da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), tive o prazer de receber comunicadores de agências de fomento de todo o Brasil, reunidos em seminário promovido pela Associação Brasileira de Instituições de Desenvolvimento (ABDE). Coube a mim fazer a saudação coloquial aos visitantes. Escolhi, então, um tema que me pareceu adequado.

A Desenbahia constrói neste momento seu Planejamento Estratégico 2012-2015. Estamos redefinindo, num processo coletivo, a Missão, a Visão, os Valores, os objetivos estratégicos da instituição. Um belo exercício de abstração.

Comecei então citando um diálogo de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol, escrito em 1865.

Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir ?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato que ria.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.


Com certeza, todos ali já tinham lido “Alice no País das Maravilhas”, de Charles Lutwidge Dodgson, conhecido pelo pseudônimo Lewis Carrol. A obra no-sense, surrealista, tem lá suas verdades filosóficas.

Todos conhecem a história. A menina Alice cai na toca do coelho e é transportada para um lugar fantástico.

É comum se dizer que são histórias para crianças, mas, o livro está repleto de alusões satíricas, referências linguísticas, matemáticas e filosóficas.

Minha intenção foi fazer uma reflexão sobre a resposta do gato:

"Se você não sabe aonde quer ir, pouco importa o caminho”.

Muita ousadia, em pleno fórum especializado em Comunicação Empresarial. Queria dizer que, nós, da Desenbahia, sabemos aonde queremos ir, e procuramos o melhor caminho.

Eu disse aos colegas comunicadores que tinha sido levado a pensar nisso numa palestra de Cláudio Cardoso, doutor em Comunicação Empresarial, e representante regional da ABERJE na Bahia.

Ele dizia que “afinal, não se pode pensar só em dinheiro, dinheiro, dinheiro, há muitas coisas importantes a se tratar numa empresa”

Eu fiquei aqui com meus botões, pensando no que poderia ser mais importante que fazer uma empresa crescer, gerar negócios, dar lucro.

E acabei concluindo por uma dimensão da vida que a rotina do trabalho nos faz esquecer.

As pessoas têm direito à felicidade! E empresas são feitas de pessoas!

A questão da felicidade é uma questão metafísica, mas está presente no cotidiano das pessoas, dos trabalhadores, dos executivos. Por extensão, no cotidiano das empresas.

Lembrei-me até do senador Cristóvão Buarque que fala num Projeto de Emenda Constitucional para inserir na Constituição Federal um artigo: “Todo brasileiro tem direito à felicidade”.

Em nosso Brasil, o índice de infelicidade é muito alto. É uma história muito feia. A escravização dos indígenas, dos negros africanos, a República sem distribuição de renda, sem reforma agrária. Uma democracia sempre interrompida por golpes militares e nunca concluída.

Nunca resolvemos a questão social e muito menos a questão da felicidade.

Aonde iremos chegar? Não sabemos. Que caminho seguir? Não sabemos.

Sabemos apenas, desde a revolução Francesa, que o Homem tem o direito de ser feliz.

Sabemos que a felicidade começa no mundo do trabalho. Se o trabalho é justo, equilibrado, se proporciona efetiva riqueza, a felicidade torna-se possível, pode se tornar um estado de alma pessoal, um sentimento presente no corpo e no coração das pessoas.

Em boa dose, podemos dizer que a felicidade é sinônimo de condição de trabalho. De
harmonia entre o interior e o exterior das pessoas. Sem essa harmonia é bobagem falar de felicidade.

Posto isso, nós, da comunicação empresarial, podemos pensar num Planejamento Estratégico entregável.

Em resumo: A felicidade das pessoas é nosso objetivo estratégico final.

Minha ousadia foi um pouco além. Para descobrir o caminho, mais que uma pergunta ao gato de Lewis Carrol, precisamos de um método, que modifique nosso modo de pensar e agir.

Basicamente, propus como método o reconhecimento do OUTRO.

Basta parar para pensar. O não-reconhecimento do OUTRO, é a causa dos crimes, dos assaltos, dos assassinatos, dos acidentes de trânsito, da roubalheira nos cofres públicos, da concorrência desatinada, do consumismo desenfreado, da degradação de nossa representação política. É até a causa das separações de casais.

Defendo que o método do reconhecimento do OUTRO deve ser adotado na comunicação empresarial, na gestão empresarial. De nada adianta o Executivo acumular riquezas se não pode desfrutar delas, cercado pela violência, presidiário em seu próprio condomínio de luxo.

Obviamente, o sentimento de felicidade é individual. Mas não pode ser exclusivamente individual. Há uma dimensão social. Coletiva. Passa pelo trabalho. Passa pela empresa. Pela Diretoria, pela Gerência de Recursos Humanos, pelo Departamento de Comunicação. Executivos fracassam quando não reconhecem o OUTRO. Nós comunicadores, temos que trabalhar estes conceitos. Portanto, a felicidade é coisa nossa.

Bem, tive a impressão que o pessoal gostou de minha saudação.

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