9 de junho de 2011

 

“Sabedoria e norma culta, desde Stalin e Mussolini, não têm quase nada em comum”

A opinião do empresário Ricardo Semler sobre o livro aprovado pelo MEC “Por uma vida melhor” faz sentido, ao contrário das opiniões de alguns jornalistas baianos. Ricardo Semler não é nenhum ignorante. Foi scholar da Harvard Law School e professor de MBA no MIT, nos EUA. É autor de “Virando a mesa” e “Você está louco”,dois livros que venderam, juntos, dois milhões de exemplares. A diferença entre a opinião dele e de certos jornalistas é que ele LEU o livro.

Na Folha (06/06) ele escreveu o artigo “Última flor do laço”. Segue um trecho:

“Li o livro aprovado pelo MEC e o achei bom - que exista e seja distribuído. Os alunos contemporâneos têm que discutir como se faz a adaptação de uma linguagem para que seja acessível e democrática, como os EUA fizeram com o inglês, que tem apenas 25 mil palavras cotidianamente usadas contra 49 mil empregadas na Inglaterra.

O livro “Por uma vida melhor” aceita a concordância “errada”, mas defende a norma culta e explica que o significado é compreensível mesmo com “equívocos”.

"Se nóis falemo errado", não é só questão de exigir melhores professores e policiamento intelectual; é também precido reduzir as regras e as complicações para flexibilizar a língua. Isso permitiria maior acesso às profissões, bem como ascensão social, sem o preconceito do uso da linguagem exata.

Em vez de ficar em mãos de eruditos empoeirados, as novas normas lingüísticas deveriam ser editadas por comissões paritárias do país. Nada impede que os interessados continuem levando as preciosidades a patamares olímpicos, como forma de arte ou mesmo por masturbação mental.

Mussolini era torcedor da Lazio, que á a região da Itália de onde saiu a última flor do Latim a que Bilac se refere, o Português.

Como sabemos, desde Mussolini e Stalin, sabedoria e norma culta não têm quase nada em comum. Isso seria bem lembrado nos chás das academias de vosmecês”.

NB – Achei bastante instrutivo o artigo de Ricardo Semler. O jornalão do PIG não publica apenas lixo. Semler acha que a questão antropológica de comunicação não está em jogo quando um livro, como o “Por uma vida melhor”, é assediado pelo patrulhamento multi-ideológico.

Semler faz uma referência a Evanildo Bechara, da “embolorada ABL”, que defende na revista Veja, que a norma culta continue cobrando pedágio de acesso ao mundo superior. Sem dúvida, negar o aprendizado da língua culta é inaceitável. Caberia só discutir o que é suficiente.

Por outro lado, exigir o domínio da língua culta, desenvolvida a esse nível por, e para, as elites é fator de formação de CASTAS.

É isso.

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