18 de maio de 2011

 

Salvador subordinou-se aos interesses dos empreiteiros da construção civil

A mídia local não publica por motivos óbvios. Não se mata a galinha dos ovos de ouro. O caos urbano que vive Salvador, a ex-aprazível capital da Bahia, foi causado pela subordinação da gestão pública aos interesses privados da indústria da construção civil. Ney Campello (PCdoB), titular da Secretaria Estadual Extraordinária para Assuntos da Copa do Mundo de 2014, em entrevista à revista digital Terra Magazine, meteu o dedo na ferida. As empreiteiras causaram o problemão da mobilidade urbana, agora, a cidade discute como sair desta sinuca de bico.

As críticas do ex-vereador Campello saíram primeiro no twitter. “Algumas administrações abandonaram o caminho do planejamento da cidade e subordinaram a gestão política de Salvador a interesses de alguns segmentos econômicos. É preciso reverter esta lógica e a cidade ser governada e planejada para o cidadão”. Ele se referia aos empreiteiros da construção civil. De fato, os empreiteiros da construção civil detêm um incrível poder na Bahia.

No twitter, Campello disparou:

"O caos de Salvador no trânsito tem causas na falta de planejamento urbano e subordinação política a interesses privados";

"A lógica histórica dessa cidade é a especulação do solo, a engorda de terrenos e a licenciosidade no lugar do licenciamento";

"Em Salvador, primeiro se licencia a obra, depois é que se discute a infraestrutura viária e de serviços".

Será possível reverter essa lógica? A lógica pode até ser revertida, mas a selva de pedra já construída será impossível. Algumas administrações passadas se renderam ao poder das empreiteiras, mas, nenhuma como a do atual prefeito João Henrique. A lógica do prefeito é primeiro licenciar a construção de prédios, nas avenidas de vale, na avenida Paralela, em qualquer lugar, ousou até sacrificar um pedaço da mata do Parque da Cidade.

Primeiro, ele licencia a construção, depois discute a infraestrutura, o sistema público de transporte, as ciclovias, as ciclofaixas, a sustentabilidade ambiental. Temo que Salvador esteja perdida, como São Paulo está. E tudo isso para quê? Para engordar os cofres de seis ou sete capitalistas vorazes donos de construtoras e imobiliárias. Só Deus sabe quanto vereadores e burocratas receberam para liquidar Salvador.

O prefeito, seus burocratas corruptos, os empresários da construção civil, dos transportes e do lixo, junto com vereadores venais, não pensam no bem-estar dos que andam de carro, e muito menos nos 40% da população que andam a pé. Talvez a última chance seja essa história da Copa que pode levar a alguma requalificação urbana, com transporte público de massa.

Pessoalmente, não acredito na possibilidade do interesse público se sobrepor ao interesse do setor privado em Salvador. As empreiteiras controlam os cartórios, corrompem vereadores, funcionários públicos e prefeitos eleitos. Salvador já era.

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