2 de abril de 2011

 

Jornal da Metrópole protesta contra CRIME IMPUNE de ACM

No auge da ditadura militar, o falecido coronel da Bahia, Antonio Carlos Magalhães (ACM), decidiu com os militares golpistas instalar bem próximo à então paradisíaca praia de Arembepe, na Estrada do Coco, litoral norte da Bahia, um monstro de ferro e aço chamado Tibrás. Desde então, apesar da resistência heróica do Jornal da Bahia e da Tribuna da Bahia, a fábrica passou a despejar rejeitos de dióxido de titânio no mar, em extensas manchas amareladas, que poluíam as águas e areias das praias de Jauá, matavam os peixes e corroíam as roupas das lavadeiras do povoado Areias, situado bem na linha de vento da chaminé que expele gases.

Repórter e depois editor do Jornal da Bahia, nos idos de 1970, lembro-me como hoje da prisão do jornalista Utamar Sebastião, pelos seguranças da Tibrás. O jornalista tentava cumprir a tarefa de documentar a poluição causada pela Tibrás, que anos mais tarde foi rebatizada de Millennium Inogarnic Chemicals, do grupo Cristal.

CRIME IMPUNE

A ironia da manchete CRIME IMPUNE, do Jornal da Metrópole neste 1º de abril, na reportagem assinada pelo jornalista José Marques, é que o CRIME IMPUNE foi cometido pelo falecido coronel ACM que decidiu instalar a Tibrás nas praias da Bahia, mesmo depois dela ter sido recusada até pela Bolívia então governada por generais fascistas.

Só podemos saudar a ousadia do Jornal da Metrópole ao desenterrar este episódio grotesco da ditadura e do coronelismo carlista.

FALTOU DIZER QUE...

Há “detalhes” que escapam à reportagem. Em nenhum momento informa-se que foi ACM que instalou a poluidora Tibras no litoral baiano. Em nenhum momento (aí já seria demais) informa-se que o próprio Mário Kertész, dono do Jornal da Metrópole, era um integrante privilegiado das gestões carlistas das décadas de 1960 e 1970.

Não sei se por ignorância ou má-fé, a reportagem cobra do “poder público” uma solução para os resíduos químicos despejados no mar pelo emissário submarino da Millennium Inorganic Chemicals. Em 2008, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) renovou a licença ambiental da fábrica até 2012. Em 2009, o Ministério Público da Bahia instaurou inquérito civil para apurar se a fábrica contamina ar, água e solo, pondo em risco a saúde da população. “É inconcebível que a empresa permaneça na beira do mar ou próxima de rios“ protesta o promotor Luciano Pitta, na reportagem.

IRONIA FINAL: o Jornal da Metrópole, criação vitoriosa do antigo administrador dos governos de ACM, Mário Kertész, informa que “enviou uma equipe ao local e constatou que no fundo do mar não há animais ou vegetais vivos e o encanamento da empresa libera constantemente os resíduos”.

Ou seja, o jornal de Mário Kertész cobra solução para a MERDA feita há décadas pelo coronel ACM, seu antigo e venerado chefe.

Excluindo a fraude histórica, a reportagem do Jornal da Metrópole só pode ser aplaudida. Segundo o título da segunda página do texto, “O MAR VIROU DESERTO”. E mostra fotos das manchas amarelas de 6 km tiradas por ambientalistas. Os tempos são outros. No meu tempo, de ditadura militar e poder absoluto de ACM, quem se aproximava da Tibrás era preso.

A Tibrás, hoje Millenium, é uma herança maldita de ACM e da ditadura militar que nem o governo do PT, lá se vão cinco anos, consegue se livrar.

O Jornal da Metrópole está de PARABÉNS por reavivar o problema da poluição da antiga Tibrás que se prolonga por quase 40 anos. Lugar de empresa química é no Pólo Petroquímico de Camaçari. A Prefeitura de Camaçari, do PT, já doou terreno e o governo da Bahia, do PT, já acenou com novas isenções. Obviamente, a Millennium se recusa e para manter o assunto submerso, faz RP com jornalistas baianos de maneira explícita e acintosa.

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