23 de fevereiro de 2011

 

Irresponsabilidade da Folha agride agora neurocientista Miguel Nicolelis

Desta vez, a vítima da irresponsabilidade jornalística da Folha de S. Paulo, na coluna Painel, foi nada mais, nada menos que o respeitado neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke (EUA) e fundador do Instituto de Neurociências de Natal (RGN).

A coluna Painel simplesmente inventou uma declaração do neurocientista sobre o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante. O (a) jornalista da Folha não se deu sequer ao trabalho de telefonar e checar a tal “informação”. Milhares de e-mails entupiram a caixa do neurocientista em solidariedade.

No dia seguinte, a Folha tentou remendar a malfeitoria midiática, mas, como não consegue mesmo enxergar um palmo à frente do nariz, a emenda foi pior que o soneto, o que gerou uma carta do neurocientista ao jornalão.

LEIA A MATÉRIA DO VI O MUNDO

Professor Miguel Nicolelis: A quem interessar possa
por Conceição Lemes
Blog Vi o Mundo, editado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha

No último domingo, 20 de fevereiro, a seção “Painel” da Folha de S. Paulo, publicou esta nota sobre o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke, nos EUA, e fundador do Instituto de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte.

Água...De início crítico à nomeação de Aloísio Mercadante, pois Ciência e Tecnologia não deveria “virar prêmio de consolação para quem perdeu eleição”, o neurocientista Miguel Nicolelis mudou de tom depois de aceitar convite do ministro para presidir a Comissão do Futuro. No Twitter, além de elogiá-lo, passou a torpedear o governo tucano de São Paulo, alvo do petista na campanha de 2010.
...e vinho. De Nicolelis, sobre as chuvas na capital: “Os desmandos dos últimos 20 anos estão levando SP ao limite! Até quando?


Quem conhece a trajetória e o caráter do professor Nicolelis ficou injuriado. A nota, além de faltar com a verdade, é caluniosa. A sua caixa postal ficou entupida de mensagens de solidariedade a ele e de repúdio à Folha, que não se deu ao trabalho de, por telefone ou e-mail, checar as informações para saber se procediam.

“Muito triste constatar que seus julgamentos morais são feitos a partir de critérios que imperam no varejo da política brasileira e ao seu redor”, escreveu Nicolelis à jornalista responsável pelo “Painel”. “Achar que eu mudaria minha opinião sobre qualquer coisa referente à ciência brasileira baseado numa nomeação para um serviço voluntário, à frente de uma comissão temporária, ou é muita ingenuidade, ou má fé.

Sua insinuação maldosa e precária (não há fatos que a suportem) não só não procede, como é risível. Fica aqui o registro do meu protesto pela sua intenção maldosa de insinuar que minhas opiniões estão à venda. Fale pela senhora, não por mim! E se quiser expressar minhas opiniões na sua coluna social, me pergunte primeiro! Muito mais digno, honesto e profissional seria!”

A jornalista respondeu. Prontificou-se a publicar os esclarecimentos do professor a partir de um texto que ele enviou. Por ser grande para os padrões da seção, seria resumido, mas mantendo o espírito.

Na terça-feira, 22 de fevereiro, foi publicada então esta nota:

Outro lado 1 O neurocientista Miguel Nicolelis afirma que, sem prejuízo de suas críticas à administração de São Paulo, nas mãos do PSDB, não mudou de opiniões políticas e tampouco reviu suas restrições ao modelo de gestão da ciência no Brasil depois de ter assumido a função, não remunerada, de presidente da Comissão do Futuro do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Outro lado 2 Nicolelis acrescenta que, quando condenou o uso da pasta como “prêmio de consolação” para quem perdeu a eleição, não emitia juízo de valor sobre Aloysio Mercadante (PT), cujo desempenho como ministro ele diz não ter ainda elementos para avaliar.


O “Painel” não assume o erro nem esclarece quase nada.

“Se a jornalista da Folha me conhecesse pessoalmente, saberia que há 9 anos desenvolvo um trabalho voluntário, não remunerado, em prol da educação científica e da ciência brasileira”, continua indignado Nicolelis. “Na minha profissão, o único bem que nos cabe é a nossa reputação e idoneidade, portanto, considero vil, leviano, o que o jornal fez.”

Por isso, segue a íntegra do texto que o professor enviou à Folha:

Em resposta à nota publicada no Painel de 20/02, gostaria de declarar que, em momento algum, alterei quaisquer das críticas feitas ao atual modelo de gestão da ciência brasileira em decorrência do recente convite, feito pelo senhor Ministro da Ciência e Tecnologia, para presidir a Comissão do Futuro, proposta por esse ministério.

Quando disse, em entrevista ao Estado de S. Paulo, em dezembro passado, que o Ministério da Ciência e Tecnologia não podia ser considerado como um prêmio de consolação, não estava emitindo nenhum juízo de valor sobre a pessoa do senhor ministro Aloízio Mercadante, mas simplesmente reivindicando o reconhecimento do novo governo à importância fundamental da área de ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil.

Da mesma forma, desde o convite e anúncio formal do mesmo, no último dia 13/02, não emiti nenhuma declaração ou qualquer avaliação da presente gestão do MCT. Dessa forma, estranha-me ler nesse jornal a insinuação que, um convite para presidir, de forma voluntária e não remunerado, uma comissão temporária, destinada a elaborar e disseminar ideias que possam contribuir para o futuro da ciência brasileira, tenha servido como forma de cercear minhas opiniões.

Na realidade, o objetivo dessa comissão é levantar todas críticas ao modelo vigente e propor soluções eficazes para que a ciência brasileira possa contribuir decisivamente para o desenvolvimento social e econômico do país.

Sinceramente,
Miguel Nicolelis

A Folha mais uma vez briga com a verdade factual, aprontando outra das suas.

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