19 de outubro de 2010

 

Religiosos condenam uso marqueteiro da religião na campanha eleitoral

O uso marqueteiro da religião começa a ser questionado. Isso significa que a onda moralista pode estar passando. Fulano não acredita em Deus, não vote nele. Fulana “mata criancinha”, não vote nela. A bem da verdade, quem começou toda essa baixaria foi a campanha de Serra (PSDB). Sem projeto para o Brasil, com um pensamento econômico neoliberal e com o Governo Lula nas alturas em popularidade, só restou o caminho da desqualificação da adversária, Dilma Rousseff, que seria favorável ao aborto, atéia, terrorista – o que é um absurdo.

Os questionamentos surgem de várias direções. O jornal A Tarde captou muito bem a questão. O presidente da ACBANTU, Tatá Raimundo Konmnnanjy lembra que o Brasil não é nenhuma teocracia. O líder espírita José Medrado lamenta a abordagem polarizada do aborto em torno de duas religiões (católicos e evangélicos). E as associações de mulheres? Pergunta. Padre Manoel Filho, da Pastoral de Comunicação da Arquidiocese de Salvador critica o uso da religião de forma marqueteira. “Um projeto para o Brasil não pode ser focado num só assunto”, considera. O pastor Valdomiro Pereira, da Assembléia de Deus, acha que “estão indo com a maré”.

Tudo pode ser debatido numa campanha eleitoral, mas, nunca em cima de boatos. Este foi o caminho planejado nos mínimos detalhes pelos marqueteiros de Serra (PSDB). A turma da Dilma foi surpreendida e se viu na contingência de ter que reagir.

Quem circula nos meios publicitários sabe que Serra montou um “staff do mal”. E se deu bem. Seus especialistas disseminaram que Dilma era terrorista, depois abortista, depois que teria dito uma frase que não disse sobre Jesus, divulgaram uma montagem grosseira com Dilma portando um fuzil e, por último, tentaram carimbar Dilma de nada mais, nada menos, que lésbica.

A boataria de fundo religioso não passou de estratégia eleitoral de quem não podia debater projetos políticos. Privatização? Bolsa Família? Distribuição de renda? Reforma agrária? Reforma política? Soberania nacional? Aumento real do salário mínimo? Nada disso interessava no debate da parte de Serra. Daí a degeneração.

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