19 de outubro de 2009

 

Zé de Jesus Barreto, um militante da africanidade

Lá pelos idos de 1972 a Tribuna da Bahia, que está completando 40 anos neste 21 de outubro de 2009, acolhia em sua redação os ex-presos políticos que saíam das prisões da ditadura militar. Entrei para o jornalismo pela janela libertária da Tribuna da Bahia. O Diretor de Redação era Milton Cayres, ex-deputado e ex-dirigente do PCB, o chefe de reportagem era Césio Oliveira que, com o passar dos anos, tornou-se publicitário e o pauteiro, essa função extinta no jornalismo atual, era José de Jesus Barreto.

José de Jesus Barreto, que nós chamávamos de Barretinho, fez carreira como jornalista, radialista, escritor, apresentador de TV, cientista social e torcedor do Esporte Clube Bahia, sobre o qual sabe tudo. Também tornou-se um expert em cultura afrobaiana, um militante da africanidade e um profundo conhecedor do candomblé.

Escreveu a obra “Carybé & Verger – Gente da Bahia”.

“Verger é um branco, francês, fotógrafo e repórter que chegou aqui em meados da década de 1940 e foi parar no terreiro Ilê Axé Opó Ofonjá, na época em mãos de Mãe Senhora. Esse terreiro, que fica em São Gonçalo do Retiro, era conhecido porque lá Mãe Senhora escondia os comunistas que eram perseguidos na época da ditadura de Getúlio Vargas. Era lá na casa de Oxum que mãe senhora escondia Jorge Amado, Milton Cayres de Brito e todo esse pessoal. A união da esquerda com o candomblé vem disso aí. Quando Verger esteve no terreiro, em 1947, e contou toda história dele, Mãe Senhora botou um colar de Xangô no pescoço dele e disse: vá para África ver onde está a raiz disto aqui. Ele pegou o colar de Xangô, “se picou” lá para a Nigéria, passou o resto da vida lá, largou máquina fotográfica, largou tudo e se tornou o maior etnógrafo e etnólogo da Bahia. E é em cima do estudo dele é que se começa a escrever a teologia do candomblé da Bahia”.

Em entrevista ao NUBLOG, Zé de Jesus Barreto fala do prejuízo que a politicalha causa à Bahia em relação ao futebol, Copa de Mundo, Fonte Nova, turismo, inclusive o processo de desafricanização da Bahia com a invasão das igrejas pentecostais.

UMA LEITURA FANTÁSTICA

Comments:
Prezado Oldack. Sou filha de Milton Cayres de Brito e nós, da família, estamos procurando resgatar os períodos políticos da vida de meu pai que, discreto, nunca os comentava. Minha fonte de informação, minha mãe,está emudecida por um AVC. Vi no seu texto sobre Barretinho que meu pai ficou um período com Mãe Senhora. Você poderia passar o meu e-mail para ele,caso ele tenha mais informações a me dar? Agradeço muito.
Marusia Brito
marusia_brito@hotmail.com
 
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