30 de março de 2009

 

Geraldo Walter virou nome de praça em Salvador

Foi uma bela homenagem. A nata da publicidade baiana, muitos com carreira nacional e internacional, estava presente à reinauguração da Praça Geraldo Walter, sábado, 28, plantada à rua Almirante Barroso, em Salvador. Foi uma homenagem de amigos, não do poder público municipal. Cláudio Barreto, Sydney Rezende e Nizan Guanaes, pesos-pesados da publicidade, bancaram a construção do “logradouro”. Os amigos falaram, os familiares falaram.

Mas, um detalhe no texto do panfleto intitulado “Geraldo, quem diria, virou praça”, da autoria do publicitário Marco Gavazza me incomodou bastante. A certa altura do texto, enumerando as memoráveis campanhas de Geraldão, Gavazza escreveu: “Waldir Pires entrou como candidato, saiu como Governador da Bahia e primeiro demolidor do carlismo. É verdade que depois, bem, esse depois já passou”.

Não entendi a piadinha. Não entendi o ”depois, bem, esse depois já passou”. A qual “depois” o redator do panfleto estaria se referindo? Ao fato de Waldir Pires (inconformado com a ameaça de eleição, à presidência da República, do ladravaz Fernando Collor de Mello) ter renunciado ao governo da Bahia e se candidatado como vice na chapa do Sr. Diretas, Ulisses Guimarães? A mídia conservadora, replicando o discurso da direita baiana, foi introjetando na sociedade a crítica ao sacrifício de Waldir Pires. A tal ponto que, mesmo numa homenagem ao publicitário Geraldo Walter, que comandou as campanhas 1986 (Waldir Pires) e de Ulisses Guimarães em 1989, um redator publicitário faz o “reparo” político.

Ainda bem que ex-governador Waldir Pires, estando no Rio de Janeiro com a família, não compareceu ao ato. Sei que Waldir Pires nada diria, do alto de sua sabedoria. Mas eu não estou mais engolindo isso não. Difícil imaginar que um redator de publicidade talentoso “errasse” no texto. Essa versão fantasiosa, introjetada na sociedade pela mídia conservadora - e em grande parte pela mídia da famiglia ACM - parece estar introjetada também na cabeça do publicitário – consciente ou não, foi um “reparo” político com endereço certo. Aquela turma do natimorto movimento “cansei” também alimentava esse papo.

Aliás, a inadequada referência do redator Marco Gavazza acaba se voltando contra o próprio homenageado. Afinal, depois das belas campanhas cidadãs, Geraldo Walter comandou as campanhas de Fernando Henrique Cardoso. Eu poderia dizer o mesmo. Os governos neoliberais, entreguistas, corruptos e privatistas de FHC afundaram o Brasil. "Mas isso foi um depois", eu poderia dizer . “E, bem, esse depois já passou”. No mais, o texto de Marco Gavazza é uma linda homenagem a Geraldo Walter. Ele merece.

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