5 de dezembro de 2008

 

Waldir Pires responde ao ataque obtuso do desembargador Gilberto Caribé

O ex-ministro da Defesa e ex-governador da Bahia, Waldir Pires, em carta publicada na seção Espaço do Leitor do jornal A Tarde (05/12/08), respondeu com veemência às despropositadas declarações do desembargador Gilberto Caribé, do Tribunal de Justiça da Bahia, sobre sua presença (e também do ex-ministro Nilmário Miranda) no júri do assassino do ambientalista e presidente do PV de Ubaíra, Natur de Assis Filho.

SEGUE A CARTA NA ÍNTEGRA

“A propósito das palavras, sob aspas, do senhor desembargador Gilberto Caribé, “como se não tivessem nada para fazer”, comentando minha presença e a do ministro Nilmário Miranda, dos Direitos Humanos, na sessão de julgamento do assassino de Natur de Assis, em abril de 2004, peço a A TARDE que registre minha apreciação a respeito: É claro que compareci ao Tribunal do Júri, na cidade de Feira de Santana, em abril de 2004, com o sentimento do maior respeito à dignidade da pessoa humana, para a afirmação, entre todos, do maior dos seus direitos, que é o da vida.

Não se pode tratar, levianamente, o direito à vida. O Tribunal do Júri é a grande instituição constitucional, simbólica, republicana, para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O assassinato do cidadão Natur de Assis, em Ubaíra, no ano de 2001, sensibilizou-nos, profundamente, a todos. A mim, sobretudo, porque conhecera e convivera com seu pai, poeta baiano de nossa geração, meu colega de ginásio, no Clemente Caldas, de Anísio Melhor, em Nazaré das Farinhas; e posteriormente, também, conhecera sua mãe, grande lutadora pelos Direitos Humanos, Kátia Assis.

O crime que tirou a vida de um homem como Natur de Assis, decente, pacífico, honrado pela estima da população, em Ubaíra, foi um assassinato brutal, pusilânime, de um cidadão desarmado, que caminhara, sozinho, para tentar convencer, pelo aconselhamento, os facínoras que estavam intimidando a cidade e ameaçando famílias, dezenas de pessoas abrigadas e protegidas pela tranca das portas frágeis de uma residência. Meu ato de ir à Sessão do Júri tinha o sentido pedagógico, como ministro de Estado, da construção democrática de nossa cidadania.

A lição de um dever que nos incumbe a todos, sobretudo, aos que transitória ou permanentemente, se encontrem no topo de funções do Estado Democrático, dos seus poderes Legislativo, Executivo ou Judiciário, a fim de que mereçam a credibilidade da população.

Ensinar o apreço da regra fundamental da Democracia: “Todo poder emana do povo”. O senhor desembargador Caribé declarou que foi o voto vencido e único do Tribunal de Justiça da minha terra. Voto único e inexplicável, salvo, quem sabe, pela complacência com os tempos do arbítrio, que produz a impunidade, e que a Bahia e a Nação esperam não retornem jamais”.

Waldir Pires, Salvador BA

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