29 de julho de 2008

 

Nem sempre uma foto vale mais que mil palavras

O jornalista Vitor Rocha, do jornal A Tarde (28/07/08), fez uma excelente reportagem sobre a visita do candidato do PT, Walter Pinheiro, ao Terreiro Alaketo, no bairro Luiz Anselmo, em Salvador. Mas, o título deu margem a entendimento diferente do texto. "Pinheiro rejeita foto em terreiro". Quando li a manchete pensei cá comigo "como pôde errar tanto?". Quando li o texto entendi tudo. Pinheiro foi correto. O jornalista Raul Monteiro em seu blog "Política Livre" interpretou a seu modo: "a foto do candidato, batendo em retirada do terreiro, com ar constrangido, como se tivesse sido pego em flagrante delito, vale por muito mais que mil palavras". Certo?, não, errado.

Pinheiro não se confundiu com a ida ao Terreiro de Olga de Alaketo, como afirma o título do blog "Política Livre". Na verdade, obedeceu à risca o desejo de Mãe Jojô, sucessora de Mãe Olga de Alaketo, que permitiu foto no templo somente antes da festa de Nanã. O candidato Walter Pinheiro de fato se recusou a ser fotografado tanto dentro do templo, quanto em sua área externa. E explicou o porquê. Achava que seria um desrespeito à religião. Não queria agredir ou dar margem a explorações. Assim, saiu apressado, recusou-se a ser fotografado, e seguiu adiante. Mil palavras valem mais que a aparência de uma foto.

Como bem informa as "mil palavras" da reportagem do jornal A Tarde, Walter Pinheiro foi ao Terreiro do Alaketo, levado pelas mãos da vereadora Olívia Santana, ouvir as demandas comunitárias apresentadas por Mãe Jojó. Recusou-se, sim, a explorar a visita eleitoreiramente. A foto permitiria isso. Seria até mais cômodo para Walter Pinheiro. O editor de A Tarde e o blogueiro Raul Monteiro preferiram interpretar a atitude respeitosa de Walter Pinheiro em relação à religião do povo negro de outra forma. Para eles, Pinheiro se recusava a ser fotografado para não desagradar seus eleitores evangélicos. Direito deles interpretar assim tão equivocadamente. Não houve "flagra" de nada. O blogueiro Raul Monteiro deve desculpas a seus leitores. Estou estarrecido.

A verdade dos fatos e não a "verdade" da foto foi recolocada pelo site "Bahia Notícias", do jornalista Samuel Celestino (29/07/08). Segundo a nota, a vereadora Olívia Santana endossava a explicação da assessoria de imprensa de Walter Pinheiro. O candidato não "rejeitou" ser fotografado no Terreiro "Maroió Lage", mais conhecido como Terreiro do Alaketo. Ele apenas seguiu à risca a orientação de Mãe Jojô, seguindo o costume de sua antecessora, Mãe Olga de Alaketo, de não abrir para filmagens e fotos o espaço durante a manifestação religiosa. "Em conversa com o Bahia Notícias integrantes do "Maroió Lage" reafirmaram que a Ialorixá Mãe olga realmente impedia o registro de imagens no terreiro".

LEIA A NOTA EQUIVOCADA DO BLOG "POLÍTICA LIVRE"

Pinheiro só confunde com ida a Terreiro de Olga de Alaketo

Verdadeiramente, não há motivo para que a assessoria de Walter Pinheiro, candidato do PT à Prefeitura de Salvador, tenha se manifestado “estarrecida” com a publicação de uma matéria no jornal A TARDE de hoje informando que o petista teria rejeitado ser fotografado no Terreiro de Olga de Alaketo.

A foto do candidato, batendo em retirada do Terreiro, com ar constrangido, como se tivesse sido pego num flagrante delito, vale por muito mais que mil palavras, motivo porque não há justificativa possível para duvidar de que o repórter tenha colhido as declarações do candidato publicadas no veículo.

“Não quero, peça ao fotógrafo para parar. Assim ele pode forjar uma situação que não existe”, teria dito Pinheiro, segundo a reportagem, cujo título é também primoroso. À guisa de confirmação, as declarações do candidato nem precisavam ter sido publicadas… diante do imagem do “flagra” estampada pelo jornal.

Mas o que teria deixado o candidato com fisionomia de que foi pego com as calças na mão? O fato de ser evangélico não explica. Se Pinheiro não queria ser fotografado, em plena campanha política, que lá não fosse. Ou será que o candidato foi atraído para uma situação da qual não tinha conhecimento, traído e enganado?

O que impede que um evangélico vá a um Terreiro e que alguém do Candomblé faça o caminho inverso? Agora, o que a assessoria de Pinheiro precisa é explicar-se - não negar fatos e fotos. O candidato tem todo o direito de unir-se aos que condenam a hegemonia da imagem numa campanha, mas sua postura só confunde.

Afinal, Pinheiro foi ao terreiro pedir votos ou proteção? Ou nenhum dos dois? Ah, bom, foi só dar um passeio. Sinceramente, incensada pelos ares perigosos da campanha, a situação toda parece conduzir o candidato do PT para o protagonismo daquela história do cara que diz que fuma, mas não traga.

LEIA A NOTA ESCLARECEDORA DO BLOG "BAHIA NOTÍCIAS"

OLÍVIA SANTANA: “NÃO SE PODE MISTURAR POLÍTICA E RELIGIÃO”
Blog Samuel Celestino - 29/07/2008 00:00:41

A vereadora Olívia Santana (PCdoB) endossou a informação divulgada ontem pela assessoria de Walter Pinheiro de que o candidato não rejeitou ser fotografado no terreiro “Maroió Lage”, uma das casas de Candomblé mais importantes da cidade (ver nota). “Não houve nada disso. Essa foi uma orientação de mãe Jojô - seguindo o costume de sua antecessora, mãe Olga - de não abrir o Axé para filmagens e fotografias”, atesta. Olívia acrescenta ainda que levou Pinheiro até o terreiro, única e exclusivamente, para que ele pudesse ver os problemas de estrutura da casa. “Não se pode misturar política e religião”, finaliza. Em conversa com o “Bahia Notícias”, integrantes do “Maroió Lage” reafirmaram que a ialorixá mãe Olga realmente impedia o registro de imagens do terreiro.

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