10 de janeiro de 2008

 

Há algo de estranho nas críticas de certa esquerda ao programa Bolsa Família

A desconfiança é do cientista social Giuseppe Cocco, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutor em História Social pela Université de Paris I e parceiro, em dezenas de obras, estudos e ensaios, do filósofo italiano Antônio Negri, o criador da Universidade Nômade. "Bio-renda e mobilização produtiva" é o novo ensaio publicado no Le Monde Diplomatique Brasil. Ele afirma que além de se confundirem (alguns teóricos da esquerda) totalmente com os argumentos da direita, eles revelam notável inércia intelectual e parecem refletir uma posição que não pretende superar o capitalismo, mas, apenas sua face atual.

Giuseppe Cocco analisa os dois grande grupos que debatem o programa Bolsa Família, os que fazem uma abordagem negativa como sendo programa assistencialista e os que admitem certo grau de assistencialismo, enfatizam sua dimensão condicional e apostam na "porta de saída". Duas abordagens politicamente opostas. O cientista vê insuficiências teórica e política nas duas vertentes. Ele afirma que tanto os críticos quanto os apologéticos do Bolsa Família passam ao largo do verdadeiro debate: quais são as relações entre política social e política econômica e como essas novas relações redefinem as questões da distribuição de renda e das remuneração do trabalho.

Direita e esquerda se confundem na crítica ao "assistencialismo". Atacam o programa tanto a Folha de São Paulo, a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o jornal O Globo, e também atacam o programa teóricos da esquerda como Ricardo Antunes (fundador do Psol), Francisco de Oliveira (fundador do Psol), Paulo Arantes (filósofo uspeano), assim como jornalistas ultraliberais como Merval Pereira (O Globo), Jânio de Freitas (Folha) e político como José Serra. Atacam o Bolsa Família e o presidente Lula, naturalmente.

A distribuição de renda e de vagas de acesso ao ensino superior é considerada clientelista por eles. A suposta esquerda radical não hesita em usar as mesmas argumentações dos setores mais conservadores da elite neoescravagista. A inércia ideológica é impressionante. A crítica de esquerda oriunda de intelectuais muitos deles saídos do próprio PT que vê traição no Governo Lula acaba coincidindo com o cinismo da oligarquia mais conservadora. É que velhas categorias já não explicam um mundo que mudou.

O texto atual de Giuseppe Cocco segue a linha de outro texto escrito em parceria com Antônio Negri e publicado na Folha de São Paulo em 2006, com o título "Bolsa Família é o embrião da renda universal". E assim prossegue a polêmica do Bolsa Família elevada enfim ao nível filosófico pela contribuição da Universidade Nômade, essa rede de movimentos que une segmentos sociais, grupos de pesquisa, militantes de cursos pré-vestibulares populares, movimentos culturais, filósofos e artistas e, claro, a ação panfletária deste blog Bahia de Fato, todos em busca da universalização dos direitos e acesso aos meios de produção do conhecimento.

LEIA NA ÍNTEGRA

Bio-renda e mobilização produtiva

Universidade Nômade

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