9 de janeiro de 2008

 

Ex-presos políticos e exilados homenageiam padre Renzo Rossi

Para rever e homenagear padre Renzo Rossi, 83 anos, hoje aposentado e vivendo na Itália, sua terra natal, ex-presos políticos (da Penitenciária Lemos de Brito, Casa de Detenção e Quartel do Barbalho) e exilados da ditadura militar de 1964 reuniram-se terça-feira (8) em jantar no La Provence, bairro Cidade Jardim, em Salvador.

Renzo é o padre que em plena ditadura visitava e se solidarizava com os presos políticos de muitos presídios. Sua história foi contada no livro "A asas invisíveis de padre Renzo", do escritor e jornalista Emiliano José. Toda vez que Renzo vem à Bahia este pessoal se reúne. Lá estavam representantes do PCB, PCdoB, Polop, PCBR e AP em noite de festa, conversas e lembranças. Sem discursos, porque ali ninguém convence ninguém. Renzo provoca esse milagre que é reunir os pensamentos mais conflitantes, em nome da amizade.

Muitos continuam na ativa, como o ex-governador Waldir Pires (PT), o ex-deputado Emiliano José (PT), o médico Carlos Valadares (PCdoB), outros pela força da idade gozam de justa aposentadoria como Luis Contreiras, veterano dirigente comunista, Magno Burgos, Ivan e Olívia, Dida e Leninha, José Carlos Zanetti e Cleuza, Magno Burgos, o ex-lider dos petroleiros, Mário Lima. Jorge Almeida (Psol) com mulher e filho compareceu trajando camiseta contra a transposição do rio São Francisco. Lá estavam os organizadores do Grupo Tortura Nunca Mais/Bahia, gente que enfrentou a ditadura na luta pela anistia, como Joviniano Neto, Ana Guedes, José Carvalho.

La estavam antigos dirigentes do PCB, Sérgio Santana, Marcelo Santana, Roberto Argolo, Carlinhos Marighella. Pola Ribeiro, diretor geral do Irdeb/TV Educativa, se fez presente e levou equipe de reportagem. Augusto Bonfim de Paula, que foi advogado de presos políticos, também.

Olderico Barreto, que enfrentou a tiros o cerco a Lamarca no povoado de Buriti Cristalino, naqueles idos de 1971, foi representado pela filha Thais, estudante de jornalismo. O professor de História José Carlos de Souza, antigo militante do MR-8, estava lá. É difícil citar todos. Eram quase oitenta pessoas. Excetuando alguns filhos e netos, cabelhos grisalhos eram hegemônicos. O advogado Rui Patterson, Emiliano José e sua Sílvia falavam sobre o reveillon passado em Cuba. João Henrique Coutinho (ex-Polop), que nos idos de 80 foi o anti-candidato ao Senado pelo PT da Bahia circulava de mesa em mesa.

Sem ser militante político, padre Renzo estava metido em quase tudo. Sua missão de solidariedade aos presos políticos era como um chamado irresistível. Organizava e morava com a comunidade pobre dos bairros da Capelinha de São Caetano, Alto do Peru, Bom Juá e Fazenda Grande juntamente com padre Paulo Tonucci já falecido. Eles comandavam a Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe. Benjamin Ferreira (PCBR) ex-preso que começou a militância naquela área estava lá no jantar.

Senti a falta de padre Paulo Tonucci. Foi ele que celebrou meu casamento em 1976. Foi Renzo que arranjou um dinheirinho para que eu pudesse, com meu fusca 68, viajar a Brotas de Macaúbas em 1979 para levantar o roteiro do capitão Carlos Lamarca. Está tudo no livro "Lamarca, O capitão da Guerrilha" de Emiliano José e Oldack Miranda.

Renzo participou também da fuga de Theodomiro Romeiro dos Santos (que chegou a ser condenado à morte pelos generais) da Penintenciária Lemos de Brito. Com a Rete Radie Resch, organização que ajudava perseguidos políticos da Palestina, conseguiu 10 mil dólares para a fuga de Theo. Acompanhava de perto as greves de fome dos presos políticos, visitava suas famílias.

Algumas ausências marcaram. Se vivos estariam lá Loreta Valadares (PCdoB), eterna companheira de Carlos Valadares, presente, Alberico Bouzon (PCB), Paulino Vieira (PCB), José Milton Almeida, o advogado Jaime Guimarães...

Comments:
O livro de Emiliano José, As invisiveis do pe. Renzo. E uma homenagem em vida a ele que tomou as redeas para aqueles que estavam presos por conta do regime militar. A mim me orgulha por ter estado nas mesmas trincheiras ao lado do Pe. Sergio Merline, Paolo Tonuchi, Renzo Rossi. Alto do Perú, Capelinha e Fazenda Grande, periféria de Salvador foi a grande escola da luta contra todos os atos da ditadura militar e na formação de uma geração de militantes que hoje ocupam também espaço nos parlamentos e no governo da Bahia."QUANDO O SILÊNCIO ERA UM RIO/ E RIO QUALQUER DAVA PÉ/ E AS CABEÇAS ROLAVAM / NUM GIRA GIRA DE AMÔR // E ATÉ MESMO A FÉ... nÃO ERA CEGA NEM NADA/ ERA SÓ /NUVENS DE CÉU E RAIZ"
 
Fico muito feliz em saber que a verdadeira militância politica dessa terra, relembra com gratidão esses três companheiros, que não se deixou calar por um Regime nefasto como o de 01/04/1964.
Longa vida a todos voces companheiradas.
 
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