21 de dezembro de 2007

 

As Mariposa, de Adoniran Barbosa, e a rebelião da língua escravizada

Outro dia estava relendo "A Linguagem Escravizada: Língua, História, Poder e Luta de Classes", de Florence Carboni e Mário Maestri. Os autores apresentam seus artigos em abordagens marxistas sobre cultura e linguagem, como os estudos de Gramsci e o de Mikail Baktin de "Marxismo e Filosofia da Linguagem". A idéia é discutir o caráter classista do ato de compreender e impor a língua das elites como único código lingüístico nacional, bem como expor o padrão culto das elites a uma crítica e a uma prática que permitam o desvelamento e a superação de sua essência de classe.

Toda vez que FHC e/ou qualquer outro idiota político tentam desmoralizar a linguagem popular do presidente Lula, eu meu lembro de Adoniran Barbosa, com sua letra de 1964 chamada As Mariposa. Adoniran Barbosa é gênio na música. Lula é gênio na comunicação de massa.

As Mariposa

As mariposa quando chega o frio
Fica dando vorta em vorta da lâmpida pra si esquentá
Elas roda, roda, roda, dispois si senta
Em cima do prato da lâmpida pra discansá

Eu sou a lâmpida
E as muié é as mariposa
Que fica dando vorta em vorta de mim
Todas as noite, só pra mi beijá.

- Boa noite, lâmpida!
- Boa noite, mariposa!
- Pelmita-me oscular-lhe as alfácias?
- Pois não, mas rápido porque daqui a pouco eles mi apaga.

Em Demônio da Garoa – Trem das Onze, Chancecler, 1964.

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