12 de setembro de 2007

 

Paul Singer apresenta livro com leituras sobre a crise do PT

O Secretário Nacional da Economia Solidária, Paul Singer, membro do Conselho de Redação da revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, profere nesta quinta-feira,13, em Salvador uma conferência sobre “Desenvolvimento Econômico e Inclusão Social”, dentro da programação do III Encontro de Economia Baiana que se realiza no Bahia Othon Palace. É uma pena que seja uma passagem relâmpago. Ele viaja no mesmo dia e inviabiliza a idéia de um diálogo com o PT, seu partido.

A propósito, Paul Singer faz a apresentação de “Leituras da Crise – Diálogos sobre o PT, a Democracia Brasileira e o Socialismo”, livro editado pela Fundação Perseu Abramo que reúne as leituras de Marilena Chaui, Wanderley Guilherme dos Santos, João Pedro Stedile e Leonardo Boff, todos entrevistados pelo sociólogo Juarez Guimarães.

LEIA A ÍNTEGRA DO TEXTO DE PAUL SINGER:

Uma interpretação da crise para além dos jornais
Leituras da Crise - Diálogos sobre o PT, a Democracia Brasileira e o Socialismo -
02/07/2006
por Paul Singer*

Nada mais oportuno do que este livro, que reúne quatro diálogos entre cinco intelectuais, alguns dos melhores representantes do pensamento de esquerda. O assunto, como não poderia deixar de ser, é a crise do PT, em seus aspectos políticos e éticos.

O pivô dessas trocas de idéias é Juarez Guimarães, que propõe as questões à filósofa Marilena Chaui, ao cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, ao líder do MST Pedro Stedile e ao teólogo Leonardo Boff.

Os diálogos são completados por alguns textos de Marilena Chaui, Wanderley Guilherme e Leonardo Boff, o que possibilita formular melhor idéias fundamentais que o estilo coloquial não permite destacar como devido.

O volume é aberto com a entrevista de Marilena Chaui. Pode-se dizer que o estilo de Marilena é o aprofundamento, a ânsia de furar a aparência e chegar ao que é fundamental para o entendimento do que se passa.

Logo de início ela propõe a distinção entre ética na política e da política. A primeira é o exercício de virtudes e vícios privados na atividade política - honestidade, honorabilidade, fidelidade conjugal etc. -, a segunda é a honestidade e fidelidade às idéias e programas adotados pelo partido.

Essa distinção lhe permite constatar que o PT “formulou uma cultura política orientada pelas idéias de igualdade, justiça e participação, portanto por virtudes políticas ou uma ética da política. Infelizmente, esquecendo sua própria história e seus próprios valores, sucumbiu à ideologia da ética na política”.

Boa parte do diálogo com Marilena gira ao redor das razões por que o PT sucumbiu.

Ela dá grande peso aos defeitos do sistema político: a super-representação dos pequenos estados na Câmara, a distorção da democracia pelo poder do dinheiro nas campanhas eleitorais.

Isso obrigaria os governos a promover “alianças partidárias artificiais”, a negociar projeto por projeto com o Legislativo, quando não se cai na “corrupção de votos parlamentares”.

Talvez por isso Marilena considere indispensável a reforma política.

Mas não podemos esquecer que, quando o PT foi fundado, o sistema político já era desse jeito; criamos o PT no pressuposto de que ele seria imune às tentações do sistema. E, no início de sua jornada, ele parece ter sido.

As alianças com outros partidos eram muito discutidas e acabavam sendo limitadas por critérios de afinidade programática. Ainda em 2002, a aliança com o PL provocou bastante resistência, em parte porque ela representava uma ruptura com uma linha política seguida por duas décadas.

Mais adiante, Marilena Chaui volta à questão: “Como essa submissão (do PT às injunções do sistema) aconteceu?”

A resposta dela aponta agora para causas internas ao partido. Os movimentos sociais e populares perderam importância na vida partidária, o PT cresce filiando gente sem história política de esquerda e sem vínculos com os movimentos sociais, “interessados em (...) cargos no aparelho de Estado”.

Isso teria permitido que finalmente prevalecesse a tendência à burocratização, introduzindo na vida do partido a hierarquia, o segredo de cargo e a rotina, o que provocou a perda do controle pela base, a profissionalização dos dirigentes. Seguiu-se a despolitização e desmoralização da militância, diante do abandono pelo partido e pelo seu governo das idéias e práticas republicanas.

Essa análise é um dos pontos altos deste volume. O raciocínio de Marilena demonstra como a ideologia da competência e o segredo de ofício ocasionam a despolitização da sociedade, o que implica a despolitização dos partidos (embora isso pareça paradoxal) e a crise da própria democracia. Esta sempre se frustra no capitalismo, “porque somente numa sociedade socialista os direitos, que definem essencialmente uma sociedade democrática, podem concretizar-se”.

Ao contrário de Marilena, Wanderley Guilherme preocupa-se mais com as causas da crise do governo Lula e seu desfecho.

A crise não seria, de modo algum, um golpe das elites, pois não envolveria os setores econômicos, que “se mantiveram totalmente neutros em relação ao que estava acontecendo”.

A crise tem por motivação unicamente a luta pelo poder, empreendida por “todos estes jornalistas que têm coluna”, juntamente com “partidos fora do poder”. A oposição do PT aos governos de FHC foi “mínima - 144 deputados”. A oposição a Lula agora é mais forte, “tem cobertura da imprensa bastante generosa”. O que, para Wanderley, “é bom para a democracia”. Mas isso não justifica a oposição ter tentado acabar com o atual governo. E nunca parou de tentar, pode-se acrescentar.

Juarez Guimarães e Wanderley Guilherme concordam que a revelação de corrupção, no decorrer da crise, é real, mas o uso que dela faz a oposição “tem impedido uma avaliação e um aprofundamento muito mais sério do problema”.

A denúncia de que o PT no poder teria inaugurado a prática da corrupção sistêmica no país seria “obviamente uma mitologia sem tamanho” e serve apenas à luta da oposição pelo poder. Juarez lembra que essa estratégia funcionou contra Getúlio nos anos 1950. Mas Wanderley observa que “não é como hoje, quando a sociedade brasileira tem organizações voluntárias de todo tipo, defendendo todos os tipos de interesses, com um sindicalismo muito mais ativo, autônomo, presente”.

Mas é na discussão da democracia que Wanderley Guilherme nos brinda com algumas observações que vale a pena transcrever: “Porque este (a democracia) é um sistema confuso, de muita participação, de muitos interesses, de muita transparência, de muita acessibilidade - por mais que se critique que falta acesso etc., pois sempre é possível ter mais. Mas o que já existe, comparado a qualquer sistema no passado ou no presente que não seja democrático, é inacreditável. A democracia é uma bagunça, por definição. Não há como organizar a democracia - só não tendo”.

Coerentemente com essa visão da democracia, Wanderley enxerga como o motivo do desencanto dos conservadores com ela o temor que sua imprevisibilidade inspira. Ele diz, a certa altura: “A democracia é um fenômeno muito recente na história da humanidade. E o fato é que está assustando... A democracia assusta aqueles que sempre foram democratas enquanto a democracia não existia”.

Na realidade, quanto mais autêntica a democracia, menos previsível ela é. E, portanto, mais potencialidades de mudança ela contém.

Compare-se essa opinião com a de Marilena Chaui: “Ora, a democracia não é um mero regime político, e sim uma formação social (...) Assim, a naturalização das desigualdades, a transformação das diferenças em desigualdades, a polarização do privilégio e a carência, a ideologia em suas várias manifestações e a forma oligárquica da República erguem-se como obstáculos à instituição da democracia”.

Para Marilena, a democracia, nas condições do capitalismo neoliberal, tem dificuldades de avançar. Wanderley, porém, vê o outro lado da moeda. A democracia abre possibilidades mil de participação a muitos interesses. Por isso o que já se alcançou por meio dela é espantoso. Onde Marilena vê obstáculos, corretamente, os aspectos ressaltados por Wanderley apontam para potencialidades. O que me parece ser correto também.

Essa combinação de otimismo temperado com realismo leva a uma interessante troca de idéias. Wanderley observa que o governo de Lula superou o de Fernando Henrique na maioria dos setores.

Apesar de que o Estado brasileiro “começou a ser desmanchado por Fernando Collor de Mello, processo que foi intensificado e agilizado pelos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. (...) Quando se tem um governo que se inaugura como o do Partido dos Trabalhadores, que é um outro tipo de poder, de governo, é mais do que natural que haja um desencontro, um desacerto, uma certa desorientação na execução das políticas do novo governo pela simples razão de que o Estado não estava aparelhado para isso”.

Ao que Juarez acrescenta: “Um governo que procura cobrir, através de políticas públicas, esses 50 milhões ou 60 milhões de brasileiros que estão abaixo das estatísticas (...) terá de criar seus próprios instrumentos, sua própria funcionalidade, seu andamento, seu próprio pessoal, o seu corpo burocrático....” E Wanderley completa: “E isso leva tempo”.
Pedro Stedile fala da perspectiva dos movimentos sociais e em particular do MST. Desse único ponto de vista, sua fala retira seus méritos e suas distorções ideológicas.

Para ele, “a verdadeira natureza da crise (do governo) não era apenas ética, era na verdade uma disputa que se estava travando entre as classes dominantes que tentavam transformar o governo Lula em refém das políticas neoliberais. (...) As forças conservadoras, que estavam completamente subordinadas ao interesse do capital internacional, tentavam jogar o governo num imbróglio de denuncismo que o impedisse de fazer qualquer mudança rumo a um outro projeto”.

Essa análise se apóia na constatação de que havia uma disputa muito intensa dentro do governo a respeito da decisão de manter a política neoliberal. “(...) havia um núcleo histórico do PT dentro do governo, que defendia teses de que era possível redimensionar o governo para a construção duma aliança com o PMDB que resultasse num projeto de desenvolvimento nacional.”

Como é claro, essa interpretação da crise é oposta à sustentada por Wanderley Guilherme.

O objetivo da oposição não seria derrubar Lula do governo, mas apenas impedir que pudesse mudar a política econômica. Quando se trata de especular sobre a motivação de outros, sobretudo sendo estes adversários, os mais diferentes pontos de vista podem ser sustentados sem que algum deles possa ser provado certo ou errado.

O que importa é que parte significativa dos movimentos sociais adotou a interpretação de Stedile e, em “conseqüência desta leitura da crise, dissemos ao governo e ao presidente Lula de viva voz: 'Nós achamos que há uma alternativa para o governo; não basta o governo ficar respondendo se há ou não corrupção - isso é secundário nesta altura da luta de classes. O que é importante é o governo recuperar o debate na sociedade sobre a necessidade de um novo modelo econômico para o país''”.

Como é óbvio, o governo não seguiu a recomendação de Stedile. Para que pudesse defender um novo modelo econômico, teria de mudar antes sua política econômica. Para muita gente, no governo e no partido, isso seria fragilizar sua situação, pois o apoio dos setores econômicos (ou sua neutralidade, como disse Wanderley) seria vital para resistir ao ataque da oposição parlamentar e da mídia. Afinal, para a opinião pública, condicionada pela mesma mídia, o suposto êxito da política econômica era o principal argumento contra os que exigiam o impeachment do presidente.

A esse respeito, o ponto de vista dos movimentos, expresso por Stedile, também é oposto. Ele sustenta que “a economia brasileira não está crescendo (...) não está produzindo a solução para as necessidades do povo brasileiro e, portanto, no contexto da crise econômica afloram os problemas sociais do desemprego, da informalidade, da falta de mobilidade social, da falta de progresso social da classe trabalhadora....” Stedile está perfeitamente a par de que esse não é o ponto de vista geral. Por isso ele esclarece: “Se você parte de uma análise, como certos setores da esquerda que estão no governo e das classes dominantes, de que a economia brasileira vai muito bem, a sua leitura é diferente dos movimentos”.

Os movimentos sociais têm uma leitura da economia que se opõe não só à classe dominante, mas também à opinião pública informada, o que pode parecer à primeira vista absurdo. Mas convém considerar que eles têm um conhecimento muito mais factual e profundo do que nós da situação das classes trabalhadoras, em particular de seus segmentos mais carentes. É muito possível que do ponto de vista desses segmentos, ou ao menos de seus setores mais mobilizados, a leitura dos movimentos corresponda melhor à sua experiência cotidiana do que a leitura alimentada pelas estatísticas referentes ao conjunto da população.

Mesmo assim, as estimativas de Stedile quanto a uma possível reascensão das massas no Brasil parecem exageradas.

“Mas no Brasil há no mínimo 120 milhões, 150 milhões de brasileiros que não têm claro para onde ir e não têm as suas necessidades básicas atendidas. (...) O Brasil é uma sociedade gigantesca, são mais de 100 milhões de pobres.

Quando estes 100 milhões se moverem para algum lado, será um tsunami na política. E é essa nossa esperança, aí vai ser reascenso..” As melhores estatísticas disponíveis indicam que o número de pobres atinge ao redor de 60 milhões, muito abaixo das cifras de Stedile. E daí? Mesmo que sejam apenas estes que se movam, o resultado não deixará de ser um tsunami.

Stedile e seus muitos milhares trabalham nessa perspectiva. Ele mesmo reconhece que ela não é provável. Um pouco antes de proclamar a esperança na reascensão, ele relata: “Você vai ser solidário, vai ser companheiro, vai se indignar com as injustiças só depois que estiver lá (no poder)? Não. Esses valores que fazem parte de nosso projeto histórico têm que ser parte de nosso cotidiano, da nossa luta política. Isso está abandonado. Você vê como as pessoas não reagem mais às injustiças que todos os dias afloram na nossa cara, na rua? (...) Isto faz parte da crise ideológica de valores das pessoas, não se identificarem mais com causas da justiça social”.

Apesar disso, Stedile e seus companheiros não desanimam, o que sugere que há vida além da crise.

Juarez Guimarães inicia o diálogo com Leonardo Boff perguntando “como neutralizar as necessidades impostas do realismo político com a força das utopias da transformação?”

Em resposta, Boff faz um paralelo entre a Igreja e o PT: em ambos, as bases perderam o poder para a hierarquia profissional. Para evitar que a revolução caia num impasse, não basta que ela mude as relações sociais.

Cada sujeito deve ser envolvido nesse processo e ele mesmo mudar. “A revolução, para ser radical, tem de ser permanente, como processo aberto de melhora contínua das relações, uma espécie de revolução sem fim. (...) O sujeito emerge assim como um projeto infinito, impossível de ser enquadrado numa ideologia, num quadro político, religioso ou cultural. Ele desborda sempre. Se não começar o processo de mudança por ele próprio (aquele pedacinho de mundo e de sociedade que é ele mesmo), dificilmente irá mudar as relações sociais.”

Nesse raciocínio, Boff inverte a tese popularizada pelo marxismo, de que é a sociedade que molda o homem. Para que haja revolução, é o homem que tem de mudar antes que ele possa, enquanto sujeito do processo, mudar as relações sociais.

Mas como operar essa mudança prévia do sujeito? Parece-me que a resposta só se revela no fim da entrevista, quando Juarez lembra a Boff que ele propõe para a cultura petista “libertar-se do materialismo prático e fazer-se sensível à gratuidade, à troca de intersubjetividades e ao encantamento face aos mistérios do mundo”. Juarez indaga em seguida: “Mas ela implica ancorar o sentido da transcendência das nossas vidas necessariamente a uma fé em Deus?”

Boff replica que a espiritualidade é uma dimensão do homem, como a inteligência, a sexualidade, o poder, a amorosidade. E, mais adiante, ele define que “ser espiritual é dar-se conta de que as coisas não estão jogadas por aí de qualquer jeito, mas que tudo forma uma incomensurável harmonia, apesar das catástrofes naturais.

Numa palavra, prevalece o cosmos, e não o caos. Um fio condutor liga e religa todas as coisas fazendo o universo, quer dizer a unidade do universo”. Isso exprime uma visão religiosa do homem e do universo. O fio condutor que liga e religa é a própria religião. O que Boff parece dizer é que, se quisermos mudar efetivamente o mundo para melhor, teremos de retomar a prática religiosa de algum modo. Só ela poderia mudar o sujeito, para que este possa mudar o mundo.

Boff se esquiva dessa conclusão dizendo que “isso não implica impor nenhuma confissão nem um tipo de Deus”. Mas logo a seguir a recomenda como uma prática política: “Apenas reconhecer esta dimensão espiritual como radicalmente humana. Nossa cultura não a negou, mas a relegou para o mundo do privado. É importante que ela chegue ao mundo público para o fortalecimento da saúde coletiva e em benefício de toda a comunidade biótica. Esta espiritualidade está presente em todos os encontros do MST e da Via Campesina. Antes de qualquer ato ou palestra organizam o que, com razão, chamam de mística. Fazem-se celebrações, elaboram-se ritos, inventam-se símbolos poderosos. O PT poderia inovar ao propor em suas discussões, ao lado da ética, a espiritualidade a ser vivida em todas as suas relações”.

O problema com essa recomendação de Boff ao PT é que ela é supérflua para os religiosos e inalcançável para os descrentes. Não me parece possível nem desejável que os ateus se convertam apenas para garantir a radicalidade duma eventual revolução futura. Isso me soa como um uso oportunista da religião, como o sujeito que se injeta anabolizantes para ganhar uma prova de atletismo.

O PT não deve propor que a espiritualidade seja vivida em todas as relações porque a espiritualidade não pode ser evocada por um ato de vontade. Nada permite acreditar, como o faz Boff, que “uma ética não se firma sem uma espiritualidade, que oferece as razões fundamentais da existência e do sentido do universo e de nosso lugar dentro dele”. Respeito sua fé, mas não há como esquecer as muitas figuras admiravelmente éticas que não foram nem são religiosas.

A longa entrevista de Leonardo Boff aborda outros pontos de grande interesse, como a opção ecológica pela natureza, a ser integrada à opção da Teologia da Libertação pelos pobres; a tese de que a renovação do PT poderá resultar do contato com as bases (ponto de vista também externado por Stedile); e a defesa veemente, e a meu ver acertada, das políticas sociais de Lula, o que não impede o teólogo, logo em seguida, de censurar sua falta de coragem pessoal de ousar um “gesto libertador”. E, finalmente, a proposição de que “a radicalização da democracia, a plena democracia, significa para mim o socialismo”, uma tomada de posição com a qual me identifico inteiramente.


Leituras da Crise - Diálogos sobre o PT, a Democracia Brasileira e o Socialismo - Marilena Chaui, Wanderley Guilherme dos Santos, João Pedro Stedile e Elonardo Boff, entrevistados por Juarez Guimarães. Editora Fundação Perseu Abramo, 2006, 256 páginas

*Paul Singer é secretário de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego e membro do Conselho de Redação de Teoria e Debate

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