22 de setembro de 2007

 

Homenagem a um defensor da "causa" da agricultura familiar

Sexta-feira, 21 de setembro, fui ao lançamento do livro (póstumo) do economista Vitor de Athayde Couto Filho, no auditório da Desenbahia. “Agricultura familiar e desenvolvimento territorial: um olhar da Bahia sobre o meio rural brasileiro”.

O lançamento do livro foi precedido por um seminário. As falas dos especialistas, doutores, professores e autoridades não focaram as políticas públicas voltadas para agricultura familiar, pesquisas e estatísticas. Voltaram-se para homenagens à memória do economista baiano, morto barbaramente aos 35 anos de idade pelas mãos traiçoeiras de um caseiro. Um assassinato cruel que abalou a Bahia.

Vitor de Athayde Couto Filho dedicou toda sua curta carreira profissional “à investigação e desenvolvimento de programas e projetos dirigidos às populações do campo, à conservação sustentável dos recursos naturais, ao planejamento e à gestão de sistemas agrários”, como afirma José Graziano da Silva, representante regional da FAO para América Latina.

Seu livro foi patrocinado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) e da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).

O prefácio é assinado pelo professor da UFBA, Vitor de Athayde Couto, pai do autor. Ele registra que seu filho Vitor se referia à agricultura familiar como sendo a “causa”.

Lutava pela causa, acreditava, vestia a camisa. Depois veio a luta pelos territórios, um projeto político de populações com direito a uma vida melhor. Hoje, a base do planejamento e das políticas públicas adotadas pelo Governo Wagner.

A homenagem de sua mãe, Maria das Graças Azevedo, que os amigos chamam de Gal, e Vitor chamava simplesmente “Das”, emociona. É a emoção de quem perdeu um filho, portanto, muito forte:

Eis trechos do texto de Gal que está editado no livro do filho:

“DAS” – Homenagem da Maria das Graças Azevedo (Gal)

Nem Maria, como me dizem os familiares venezuelanos, nem Graça, como sou conhecida profissionalmente, nem Gal, como me chamam os amigos. Para ele, além do carinhoso “Mami” (nos bons e inesquecíveis momentos de grande ternura) eu era DAS. Em tempo, para os que não me conhecem, meu nome é Maria DAS Graças.

Das, me chamava ele ao telefone e dizia que em seguida eu já saberia quem era meu interlocutor. Como se isso fosse necessário...Ele se esquecia que eu o havia carregado no ventre por nove meses, o havia amamentado por mais seis meses e por isso a nossa relação era intra e extra uterina, indelével e única.

Com ele aprendi muito. Creio que mais aprendi que ensinei. Mas, a marca de meu amor ficou nele, no sorriso que (todos admitem) se parece com o meu, no modo como ele se organizava e gerenciava a vida e a profissão, na entrega aos sentimentos, na amizade e na voracidade do fazer, de sair do teórico para o prático.

(...) Eu o amo muito, sempre será assim. Para mim, a qualquer momento o telefone vai tocar, o interfone vai anunciar, a porta vai se abrir e eu vou vê-lo sorrindo, me dizendo: Das... diga aê!

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