23 de agosto de 2007

 

Minhas razões (pessoais) para homenagear Teófilo Benedito Otoni

Nasci em Corumbá, no Mato Grosso, mas fui levado por meus pais para Teófilo Otoni aos quatro anos de idade, em 1949. Fui educado, portanto, em Teófilo Otoni. Cultural e afetivamente sou filho de Teófilo Otoni. Lá comecei minha militância política, no movimento estudantil, no Grêmio Cultural do Colégio Estadual Alfredo Sá e na gloriosa União Estudantil de Teófilo Otoni (UETO). E claro, integrando a Juventude Estudantil Católica (JUC) e mais tarde a revolucionária Ação Popular.

Em Teófilo Otoni havia um recanto que era o terror das mães. O encontro do rio Todos os Santos com o rio Santo Antônio. O encontro das águas chamava-se “Quente-frio”, um redemoinho formado pelas águas quentes de um e as águas frias de outro. A meninada costumava fugir para mergulhar dos galhos dos ingazeiros nas águas do “Quente-frio”. De vez em quando um afogava-se, daí o terror das mães. Fugi muitas vezes das aulas de professores fascistas para dar uma mergulhada nas águas do “Quente-frio”.

Hoje, o “Quente-frio” não existe mais. Estupidamente, suas margens foram aterradas para construção de um prédio residencial. De tempos em tempos, com as enchentes em períodos de tempestade nas cabeceiras dos dois rios, a natureza se vinga inundando as piscinas, garagens e até os primeiros andares do prédio invasor.

Pois foi no encontro das águas dos rios – no “Quente-frio” – que duas expedições organizadas por Theóphilo Benedicto Ottoni se encontraram. Os expedicionários vieram subindo, desde o litoral, o rio Mucuri e se subdividiram percorrendo os caminhos dos dois afluentes. No local do encontro nasceu Filadélfia, o povoado que mais tarde seria a cidade de Teófilo Otoni.

Os anos 60 eram tão agitados que nunca demos muita atenção ao fundador da cidade. Agitávamos a cidade, incentivávamos o debate, organizávamos feiras de livros, teatros, manifestações públicas. Até que veio o Golpe Militar de 1964 e nos refugiamos em Belo Horizonte, para o vestibular e para a luta contra a ditadura.

A vida seguiu. Quando tomei consciência da importância de Theóphilo Benedicto Ottoni para Minas Gerais, para o Rio de Janeiro e para o Brasil, para a República e a protodemocracia brasileira, não morava mais em Minas. A Bahia já tinha assaltado meu coração.

Agora vejo fascinado todo esse movimento de resgate da memória de Teófilo Benedito Otoni (assim grafado pela nova ortografia).

Eu não poderia ficar de fora.

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