10 de novembro de 2006

 

Rede Globo, manifesto, manipulação, bajulação, o dossiê aumenta

Depois de dois longos dias de férias estou enfrentando, ainda agora, minhas leituras torturantes. Segundo a Globo, o abaixo-assinado em solidariedade ao patrão foi uma iniciativa “absolutamente espontânea” dos 172 funcionários, atacando os jornalistas que revelaram as atividades da mídia pró-tucana na véspera do segundo turno. O abaixo-asssinado “absolutamente” espontâneo foi engendrado pela direção da “Globo” e escrito por Mônica Maria Barbosa, Chefe de Jornalismo do JN. Diante da resistência de alguns, outro chefe esclareceu: “quem não estiver satisfeito com a cobertura da Globo que pegue o chapéu e vá para a Record. Em seguida, os jornalistas foram forçados a assinar, sob ameaça de desemprego. O Dossiê da Mídia está se avolumando.


Ora,ora, o Manifesto dos 172 jornalistas da “Rede Globo” não teve nada de “absolutamente espontâneo”, como divulgou a emissora. O site Hora do Povo lembra que essa iniciativa é um verdadeiro fenômeno, porque há duas coisas consideradas absolutas na vida, a velocidade da luz e Deus, assim mesmo sobre esse último há muitas dúvidas. A terceira coisa absolutamente espontânea do Universo é o Manifesto da Rede Globo. O tom enfático é uma tentativa pífia de abafar as revelações feitas pelos jornalistas Raimundo Pereira, Antônio Carlos Queiróz e Paulo Henrique Amorim.


O texto do Manifesto é de uma bajulação à própria “Globo” que, como aquele antigo personagem radiofônico, qualquer um tem “frouxos de riso” ao imaginar 172 sujeitos escrevendo e assinando espontaneamente tal besteira. Nem na “Globo” devem existir 172 puxa-sacos daquele quilate.

EM NOME DA “LIBERDADE”


Quer dizer que em nome da “liberdade de imprensa”, 172 jornalistas da “Globo” resolveram “espontaneamente” formar uma patota para atacar 3 colegas que não os ofenderam. Consistirá a liberdade de imprensa em suprimir o direito a ela daqueles que não se dobram aos donos de TVs, jornais e revistas?

Na filial de São Paulo, houve um início de resistência. Um dos chefes, Mariano Boni, esclareceu então que “quem não estiver satisfeito com a cobertura da Globo que pegue o chapéu e vá para a Record”.

A editora-chefe do Globo Repórter, Sílvia Sayão, que estava no Rio, telefonou para sua equipe em São Paulo para dar o recado de que “seria bom se os jornalistas assinassem o documento”. Porém, mesmo depois das assinaturas terem sido apostas, “alguns profissionais pediram a retirada de seus nomes – o que criou um forte constrangimento interno. Como vários jornalistas descreveram à Carta Maior, estava aberta ali a ‘caça às bruxas’ dentro da Globo”.

O que é apenas a culminação – pelo momento – do escândalo: no dia 29 de setembro, a “Rede Globo” omitiu do “Jornal Nacional” o desaparecimento do Boeing da Gol, para que esse fato não ofuscasse a exposição, manipulada por uma edição escancaradamente parcial, das fotografias do dinheiro apreendido na negociação de um dossiê sobre ilícitos tucanos.

SUPRIMIRAM O FATO

Não se tratava de jornalismo. A prova maior é, exatamente, que um fato como o desaparecimento de um avião com 154 pessoas na Floresta Amazônica foi riscado da pauta do “Jornal Nacional”. Era o fato mais importante do dia, mas o objetivo não era noticiar, e sim influenciar os espectadores na eleição do dia seguinte. Por isso, um fato que demandaria boa parte da atenção do espectador, era tão inconveniente. Portanto, suprimiram o fato.

A “Globo” sabia o objetivo do interessado policial que lhe passara as fotos: exatamente o que ela fez, atingir Lula e o PT na véspera da eleição. Sabia, também, como mostrou depois a gravação da conversa com esse policial, que colocar as fotos no JN era o que ele – e quem estava por trás dele – queria. Tudo o mais era acessório. E sabia, melhor ainda, que aquilo não era notícia, que as fotos nada acrescentavam, exceto a tentativa de manipular os eleitores que votariam no dia seguinte.



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