24 de novembro de 2006

 

Com porta de saída, ou não, viva o Bolsa Família

Não me canso de repetir: apoio Lula por causa de sua política assistencialista. Dos 190 milhões de brasileiros, 70% sobrevivem com renda mensal inferior a dois salários mínimos. Não é possível, em sã consciência, ser contra os programas sociais do Governo Lula. Se isso é populismo, sou populista.

As mais recentes críticas da Igreja Católica ao Bolsa Família soam como pura hipocrisia. Não exijo sequer que o governo Lula aponte necessariamente as “portas de saída” para os beneficiários do Bolsa Família. Desde que me entendo por gente, políticos, partidos, economistas e burocratas pregam um desenvolvimento que nunca chega.

Antes de Lula, os excluídos passavam fome enquanto as elites pesquisavam e debatiam. Depois de Lula, grande parte dos excluídos é socorrida enquanto as elites debatem e pesquisam. É óbvio que o objetivo é praticar uma política pública que gere renda, segundo a esquerda. Ou que o mercado produza riquezas, segundo a direita. O que não é mais possível é admitir a fome. Lula não admite a fome. Apoio Lula.

Em artigo recente intitulado O Mendigo da Esquina, Frei Betto lembra que o Estado burguês acolhe o pobre como cidadão e reconhece todo os seus direitos. Nenhum bispo da CNBB jamais admitirá que o mendigo da esquina não tenha direito à saúde, à educação, ao trabalho e à moradia.

Mas o fato é que o Estado burguês abandona o pobre na vida real e não lhe assegura acesso a esses direitos elementares. Trágico é que este mesmo Estado não perde de vista o pobre com seu braço repressivo. Se violar a lei será punido. Na verdade, o Estado só tem olhos para os ricos.

O Brasil precisa injetar na Saúde os R$ 70 bilhões anuais previstos na Constituição e 5% do PIB na educação. O Brasil precisa incrementar seu Plano Nacional da Reforma Agrária, dar terra para quem trabalha, fortalecer a agricultura familiar, criar empregos. Mas, enquanto tudo isso não vem, fome nunca mais. Com porta de saída ou não viva o Bolsa Família e os padres de barriga cheia da CNBB que se danem.

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