12 de outubro de 2006

 

Marilena Chaui está de armadura em punho

Marilena Chauí: "Estou de armadura e lança em punho"

É preciso ficar atento à cobertura eleitoral da TV Globo, alerta Marilena Chauí em entrevista ao repórter André Cintra, do Portal Vermelho (www.vermelho.org.br), do PCdoB. A filósofa da Universidade de São Paulo (USP) declarou-se especialmente preocupada com o último debate entre os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), que a emissora carioca promove em 27 de outubro.

Marilena, uma das principais apoiadoras de Lula entre os intelectuais, evoca a manipulação da TV Globo nas eleições presidenciais de 1989, e diz temer que o mesmo possa ocorrer agora.

“Eu estou de armadura e lança em punho, porque estou esperando todas essas barbaridades”, afirma.

Ela acredita que os jornais intensificarão, neste segundo turno, a campanha anti-Lula, radicalizando as diferenças entre direita e esquerda. A isso se soma, segundo Marilena, a ação "repressiva e policialesca" do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Leia a entrevista:

Neste segundo turno, a mídia tende a radicalizar ainda mais o discurso anti-Lula e a pregação conservadora?

Eu acho que sim. Tudo se torna mais acirrado, e a distinção esquerda-direita fica mais acirrada também. A mídia ganha os contornos que teve na eleição do Collor. Estou só esperando o momento em que vai haver o debate na Rede Globo - e a Rede Globo vai editar, transmitir uma edição do debate. Vocês eram muito jovens. Vocês não se lembram, vocês não sabem o que foi feito naquela ocasião.

Sabemos, sim (risos). Eu estou de armadura e lança em punho, porque estou esperando todas essas barbaridades.

Esta campanha não lhe pareceu extremamente concentrada na televisão, a ponto de impossibilitar o debate de propostas?

O que eu acho é que, como o TSE passou a exercer uma atitude verdadeiramente repressiva e policialesca, o número de debates se reduziu muito - a discussão de idéias na rua, a presença da eleição no espaço público. No Brasil inteiro, com tanto receio de que houvesse uma repressão por partes dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) e do TSE, houve uma espécie de grande silêncio. Afora a televisão, nada mais acontecia. Penso que, nos próximos dias, essa situação poderá sofrer uma alteração, com a presença de uma militância mais aguerrida nas ruas. Eu fui informada, por dois colegas, das agressões que os petistas estão recebendo.

Aqui em São Paulo?

Aqui em São Paulo, na Avenida Paulista. Uma menina que tinha o adesivo do Lula no carro foi apedrejada. Um rapaz que estava usando um distintivo levou soco na cara e no estômago. Foi assim na eleição do Collor. A gente saía e levava pancada. Riscavam o carro da gente, quebravam a janela, batiam nas portas das casas. Foi uma coisa terrível. Vocês são muito jovens e não sabem como foi. Mas foi assim.

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