14 de setembro de 2006

 

Bolsa Família de Lula destroçou o voto de cabresto

O Correio Braziliense publicou outro dia um artigo assinado por Plácido Fernandes intitulado “Acabou o cabresto”. Ele comentava que o Bolsa Família destroçou o voto de cabresto. No lugar da dentadura, dos óculos ou do saco de cimento que recebia a cada eleição, há muito brasileiro com a auto-estima em alta porque, pela primeira vez na vida, está se sentindo cidadão. É o poder milagroso do cartãozinho do Bolsa Família com o qual ele vai ao caixa eletrônico e saca o dinheiro todos os meses, sem ter que ir pedir a bênção a algum manda-chuva de plantão nem se sentir humilhado. Assistencialismo? Sim. O país precisa criar empregos. Mas, enquanto as elites não conseguem pôr em prática políticas que permitam ao país crescer e abrir vagas para os desempregados, nada mais justo que dividir o bolo. Fome como passam cinco milhões de pessoas só na da Bahia, NÃO

SEGUE O ARTIGO PORRETA, COMO DIRIAM OS BAIANOS:

PLÁCIDO FERNANDES
Acabou o cabresto

Reproduzido do Correio Braziliense

Lembro-me bem. Antes de Lula conquistar o primeiro mandato, o voto dos grotões - era assim que a elite batizava o voto do povão - ia sempre para os candidatos de direita, caciques partidários, coronéis e quejandos. Na segunda disputa entre Lula e FHC, por exemplo, esse eleitor, que é majoritário no país, fazia a alegria de tucanos, pefelistas e do que havia de mais retrógrado na política brasileira.

Até então, candidatos de esquerda só tinham o voto de universitários, intelectuais e de parte da classe média. Que eu me lembre, com exceção de Pelé, a direita nunca empunhou a bandeira da ética nem reclamou de que o brasileiro não soubesse votar. Nunca, vírgula. Agora, que Lula se transformou no queridinho da vez, pipocam queixumes, muxoxos e todo tipo de análise sobre a infidelidade eleitoral dos grotões.

Teriam os coronéis perdido o controle sobre os currais eleitorais? E o que teria ocorrido com o poder dos formadores de opinião e do tal do quarto poder? Ao que parece, a possibilidade de o pobre pensar com a própria cabeça não é levada em conta nessa equação. Fala-se positivamente nos indicadores da economia. Em tese, assunto que só define voto de banqueiro e meia dúzia de medalhões iniciados no economês. Na prática, para o povão, conta o que mudou de concreto na vida dele.

E é aí que está a grande diferença. No lugar da dentadura, dos óculos ou do saco de cimento que recebia a cada eleição, há muito brasileiro com a auto-estima em alta porque, pela primeira vez na vida, está se sentindo cidadão. É o poder milagroso do cartãozinho do Bolsa Família e programas similares, com o qual ele vai ao caixa eletrônico e saca o dinheiro todos os meses, sem ter que ir pedir a bênção a algum manda-chuva de plantão nem se sentir humilhado.

Assistencialismo? Sim. Na verdade, o país precisa criar empregos. Porque é o dinheiro ganho com o suor do trabalho que dignifica o homem. Mas enquanto não consegue pôr em prática políticas que permitam ao país crescer e abrir vagas para os desempregados, nada mais justo que dividir o bolo. Afinal, pouco a pouco, o Brasil está conseguindo inverter a lógica da concentração de renda. Desconfio de que essa mudança tem muito a ver com o voto em Lula.

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