18 de junho de 2006

 

Waldir Pires fala de sua relação com os militares

REVOLUÇÃO? NÃO. GOLPE
O diálogo franco de Waldir Pires com os militares e sua visão do Exército está na revista Carta Capital que, aliás, tem a capa dedicada à Lista de Furnas, que é verdadeira e tem muitos nomes de políticos da Bahia.

Aos 79 anos, o baiano Waldir Pires continua com uma disposição infinita para descascar abacaxis. Por mais de três anos, foi ministro da Controladoria Geral da União, responsável pelo esforço institucional de combate à corrupção, inédito no País. Há pouco mais de dois meses, assumiu o comando do Ministério da Defesa. Foi instado a chefiar os militares brasileiros no dia 31 de março, mesma data em que, 42 anos antes, deflagrou-se o golpe de 1964, quando ele foi cassado e exilado do Brasil. Em paz com o passado, rejeita as animosidades e não se importa em ouvir a expressão “Revolução de 1964” da boca de generais subordinados. “Sempre uso a expressão ‘golpe de 1964’, mesmo em reuniões de trabalho com generais. Não me importo que eles falem em ‘revolução’, mas o que houve no Brasil foi, justamente, o oposto de uma revolução”, diz.

À frente da tropa, Pires reivindica aumento do orçamento militar para fazer frente a futuros conflitos externos por conta das riquezas da Amazônia e da Costa brasileira. Favorável ao serviço militar obrigatório, o ministro é contra a participação das Forças Armadas no combate ao crime organizado. “Há sempre o perigo da contaminação”, adverte. Para o ministro, as Três Forças devem cumprir o que manda a Constituição, inclusive cuidar da “ordem interna” – brecha aberta pelo texto de 1988 pela qual Pires, cauteloso, passa ao largo.

CartaCapital: O senhor se sente, de alguma forma, desconfortável dentro do ambiente militar?
Waldir Pires: Dentro de mim, está absolutamente superada essa questão. Sempre tive muita clareza sobre o perfil e a função das Forças Armadas na vida de um país como o nosso. Assim como da necessidade de mudança e transformação de todas as instituições da República, civis e militares.

CC: Nem o fato de ter sido cassado pela ditadura lhe provoca alguma estranheza em, hoje, chefiar a caserna?
WP: Tenho uma boa relação com os militares, já tinha no governo João Goulart (presidente deposto em 1964, de quem foi consultor-geral da República). Quando fui eleito governador da Bahia (em 1986, um ano após o fim da ditadura), fiz questão de manter boas relações com os comandantes locais da Marinha, Exército e Aeronáutica. Antes de me tornar ministro da Defesa, já tinha recuperado todas as condecorações militares que me haviam tirado quando fui cassado, em 1964.

*Confira a íntegra dessa entrevista na edição impressa de Carta Capital


Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?